QUAL O FUTEBOL DE MARTA: FEMININO, DE MULHERES, APENAS FUTEBOL OU FEMINISTA?

Gustavo Andrada Bandeira

Doutor e Mestre em Educação (PPGEdu/UFRGS). Especialista em Jornalismo Esportivo (PPGCom/UFRGS). Integrante do Grupo de Estudos em Educação e Relações de Gênero (GEERGE). Através do conceito de currículo de masculinidades e do torcer tem trabalhado sobre machismo, heterossexismo, racismo, emoções e elitização nos estádios de futebol. Mail: gustavoabandeira@yahoo.com.br

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Desde a perspectiva com a qual trabalho, ancorada nos estudos de gênero pós-estruturalistas e nos estudos feministas (Louro, 2004; Meyer, 2003), o conceito de gênero não pode ser reduzido a interações face a face entre sujeitos distinguidos na cultura como masculinos ou femininos. Os gêneros atravessam as instituições e as práticas culturais. As instituições produzem e são produzidas por pressupostos de gênero. Outra das implicações do conceito na perspectiva adotada é de que ele é relacional. As construções de feminilidades possuem na masculinidade o seu limite, a sua fronteira ou a sua complementaridade. Nessa lógica não faz sentido falar em mundo das mulheres ou mundo dos homens, futebol de mulheres ou futebol de homens como algo que não estivesse em constante diálogo e disputa.

Marta Vieira Da Silva

A partir desses pressupostos me permito retomar a pergunta que dá título a essa escrita. Durante os meses de junho e julho de 2019, na França, está sendo disputada a Copa do Mundo da FIFA de futebol feminino. Em 2018, na Rússia, foi disputada a Copa de Mundo da FIFA de futebol. Na Rússia era necessário adjetivar o futebol de masculino? A Copa do Mundo é feminina porque jogada por mulheres. A Copa do Mundo jogada por homens precisa anunciar que é masculina? Um passe, um drible, um chute, um gol podem ser masculinos ou femininos? Como se dribla no feminino? Um gol de Marta é feminino?

Se parece difícil sustentar que possa existir uma performance esportiva marcada pelo gênero de suas participantes, talvez fosse o caso de marcar que a Copa do Mundo da França é a de futebol de mulheres. O esporte não consegue ignorar as seriações e classificações. O esporte não divide seus participantes somente por sexo/gênero, mas por idade, peso e outros indicadores a serem mensurados em documentos ou por busca de cromossomos ou hormônios. Mais uma vez, dizer que o futebol é jogado por mulheres é uma simples constatação ou é marcar que ele não é jogado por homens, o que ainda seria o esperado?

E se chamássemos apenas de futebol? O tamanho do gramado, dos arcos, o número de atletas, o tempo do jogo podem ser essencializados e ser tudo futebol? Neste ano tivemos a Copa do Mundo da FIFA tal qual no ano passado. Isso parece fazer sentido? Se tomamos, tal qual Judith Butler (2003), que o gênero é um feito, um verbo, uma performatividade, poderíamos pensar em um gênero de atuação que englobasse tantos os homens quanto as mulheres referente a prática de jogar futebol? O gênero “futebolista” faria sentido?

O gênero não pode ser pensado como colado em corpos naturalmente distintos. Eventualmente, os esportes poderiam potencializar uma discussão sobre o conceito de gênero em algumas direções. Aponto duas possibilidades de tensionamento em direções contrárias: a) retomando a lógica da performatividade de gênero, poderia existir uma exigência de prática esportiva que desconsiderasse o corpo de homens e mulheres? Uma expectativa de performance idêntica poderia borrar essas fronteiras de gênero?; b) uma vez que o esporte é uma instituição generificadora e androcêntrica de nossa cultura (Mühlen; Goellner, 2012), a falta de adjetivo não associaria a prática diretamente ao masculino ou, no mínimo, aos homens? As masculinidades poderiam ser tão protagonistas nas representações esportivas que o esporte acaba sendo entendido como masculino, dispensando a necessidade dessa adjetivação? Com isso, sempre que o esporte fosse adjetivado de feminino ou de mulheres estaríamos falando de algo hierarquicamente inferior, reforçando as fronteiras existentes?

Marildes Maciel Mota, ou simplesmente –e nada menos– Formiga, é a atleta que mais disputou edições de Copa do Mundo, sete no total, além de ser a atleta que mais vezes vestiu a camiseta da seleção brasileira de futebol. Na terceira rodada da fase de grupos, Marta Vieira da Silva, seis vezes eleita a melhor jogadora de futebol do mundo, chegou ao seu décimo sétimo gol em cinco edições da Copa do Mundo. Nos dois casos, a informação poderia estar completa, mas quase sempre ela continua: entre mulheres e homens. O alemão Lothar Mathäus disputou cinco mundiais. Ronaldo em 2006 chegou a seu décimo quinto gol e Miroslav Klose o ultrapassou em 2014 chegando a dezesseis. Pode ser um problema de memória, mas não me recordo de que o mesmo complemento tenha sido utilizado. Isso aumenta ou diminui o feito de homens ou de mulheres? É o mesmo para os dois?

Mas ainda faltou um adjetivo a ser pensado neste texto: feminista! Ao se tornar a máxima goleadora do torneio, Marta, que está jogando o mundial com o símbolo da equidade de gênero em sua chuteira, afirmou que seu recorde pessoal era dedicado às mulheres: “num esporte que ainda é masculino para muitos”. A Copa do Mundo da França está aumentando a visibilidade desse esporte na América do Sul, me autorizo a dizê-lo pelas mobilizações que tem acontecido no Brasil e Argentina, países que tenho maiores contatos. E essa visibilidade vem acompanhada de atletas e jornalistas apontando para a necessidade de maior igualdade no âmbito dos esportes, das redações esportivas e em todas as esferas em que as diferenças são transformadas em desigualdades. Se o futebol feminino ou de mulheres permitir uma aproximação mais contundente com o feminismo, mais um importante passo será dado para essa revolução, esse compromisso de todos nós em acabar com nossa cultura machista e patriarcal! Hasta la victória!

Referências

Butler, J. (2003). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro, Brasil: Civilização Brasileira.

Louro, G. L. (2004). Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis, Brasil: Vozes, 7ª ed.

Meyer, D. E. E. (2003). Gênero e educação: teoria e política. En: G. L. Louro; Neckel, J. F.; Goellner, S. V. (Orgs.), Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo (pp. 9-27). Petrópolis, Brasil: Vozes.Mühlen, J. C. V.; Goellner, S. V. (2012). Representações de feminilidades e masculinidades (re)produzidas pelo site Terra. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Florianópolis, 34(1), p. 165-184.


EL FÚTBOL FEMENIL EN MÉXICO: LA PROMESA DE UN MUNDIAL Y LAS TRABAS DE LA PRIMERA DIVISIÓN

Daniela Hinojosa Arago

Universidad Autónoma Metropolitana. Mail: tu_dany_4@hotmail.com

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Desde hace unas décadas, en las sociedades occidentales, la mujer forma parte activa de la cultura del deporte. Sin embargo aún existe una desigualdad abismal de oportunidades y de acceso a espacios para éstas, puesto que el mayor obstáculo es la carga cultural, así como la reproducción social de estereotipos de género. En este artículo reflexiono sobre la participación de las mujeres mexicanas en el fútbol visto desde la incorporación de la primera división, la conformación de la Selección Nacional y su anhelo mundialista. Así, nos permitirá identificar los obstáculos del fútbol femenil para considerarse una actividad verdaderamente profesional.

El fútbol femenil en México

A pesar de que en México el fútbol es practicado (oficialmente) por las mujeres desde los años setenta y que cada vez son más las que ingresan a algún equipo –participando en ligas a nivel regional o nacional–, este deporte se convirtió en un motivo de conflicto para aquellas jugadoras pioneras que abrieron la brecha de ingreso en un deporte que era desde su origen exclusivo para los varones. Esto se evidencia a partir del discurso institucional y patriarcal de la FEMEXFUT, los medios de comunicación y la sociedad en general, quienes las veían como transgresoras de los valores y de las condiciones propias de su género. 

De acuerdo con Santillán y Gantús (2010), para los años setenta sólo eran vistas con buenos ojos las mujeres que practicaban deportes considerados aptos para su género y que lucían un cuerpo esbelto y grácil (como sinónimo de docilidad física y emocional). Pero es justamente en esa década en la que las mujeres irrumpen en el escenario futbolístico al realizarse el Primer Campeonato Mundial de Fútbol Femenil en 1970, celebrado en Italia, en el cual a pesar del buen papel de las mexicanas –con la obtención de un tercer lugar a nivel internacional– la prensa y la sociedad veían este hecho como algo “antinatural” y grotesco, pues consideraban que éste no era un deporte apto para mujeres, ya que creían que podían perder su feminidad y ponía en duda su sexualidad.

En 1971 se desarrolló en México el Segundo Campeonato Mundial de Fútbol Femenil, en el cual la prensa se mostró más activa. No obstante, el sesgo de opiniones seguía siendo negativo y desaprobatorio, a pesar de la visión optimista de algunos reporteros y reporteras de la época. Lourdes Galaz (1971, citado en Santillán y Gantús, 2010) se preguntaba: “¿Las jovencitas darán un buen espectáculo? ¿Afecta de alguna forma la rudeza de este deporte a la ‘débil’ constitución femenina?”. Estas y otras preocupaciones la llevaron a reflexionar sobre el fútbol femenino como espectáculo, para lo cual consideraba que en efecto lo sería. El problema estaba en que se daba a partir del morbo de ver a estas mujeres como algo “raro” o “anormal” y que al mismo tiempo los aficionados podían admirar la belleza de las jugadoras, introduciendo como resultado la exhibición de un espectáculo exótico y provocador.

En 2017, con la creación de una liga femenil profesional en México, se esperaba dar un espacio donde desenvolverse de manera profesional y apoyar a más jugadoras en el proceso formativo para lograr algún campeonato mundial. El problema es que, pese a la creación de la liga, no se lograron objetivos importantes como la participación en el la Copa Mundial de Francia 2019. Esto puso en evidencia la brecha de desigualdad económica, de condiciones para su preparación, en la gestión de patrocinios y de difusión mediática, sacando a la luz la fragilidad del plan de formación institucional de la FEMEXFUT.

Si se hace una revisión de las jugadoras pertenecientes a la Selección Nacional, se puede identificar que, hasta el 2016, estaba compuesta en su mayoría (80% aproximadamente) por jugadoras de doble nacionalidad (mexicana y estadounidense), con formación deportiva en universidades de Estados Unidos, cuyos resultados fueron satisfactorios dentro de la Selección Nacional, pero generaban problemáticas identitarias que iban desde el idioma hasta la filiación al equipo. Esto mostraba un doble discurso por parte de la FEMEXFUT sobre el apoyo al fútbol femenino en México, ya que los resultados eran satisfactorios, sin embargo había poca atención a la formación de jugadoras de manera interna. 

Con la creación de la liga MX se esperaba que –al institucionalizarse el fútbol femenil– las condiciones de las jugadoras mexicanas mejoraran, para que integraran completamente la Selección Nacional. Pero la falta de preparación integral, de recursos y de inversión para potencializar esta categoría les impide dedicarse completamente a este deporte.

Para participar en la Liga MX Femenil tenía que compartir mi jornada laboral con entrenamientos, puesto que no podía vivir del fútbol por el bajo sueldo que en su momento se tenía. (Dirce Delgado, 2018)

Ya puesta en marcha la nueva liga en 2017, las plantillas campeonas de fútbol femenil de México han sido Guadalajara, América y Tigres (este último en dos ocasiones). De ello, hay que resaltar que el contexto al que pertenecen estos equipos nos da un panorama sobre el resultado obtenido. Primero, que los tres equipos representan a las ciudades con mayor desarrollo de México (Guadalajara, Ciudad de México y Monterrey); en segundo lugar, el equipo Guadalajara conforma el 16.1% del total de jugadoras de la liga actualmente (2019), y por otro lado, Tigres refleja la corriente formadora desde el modelo estadounidense (donde hay que reconocer que el fútbol es considerado como un deporte femenino).

Otra problemática es la inexistencia de semilleros en los que se forme el talento de las mujeres mexicanas, ya sea desde los equipos de primera división, como dentro de las escuelas de fútbol. Además, es notorio que la mayor proliferación de jugadoras que pertenecen a un club de primera división provienen de las ciudades, quedando rezagadas las zonas rurales.

Actualmente, el fútbol en México se juega en todas sus formas y niveles. No obstante, los esfuerzos y los recursos invertidos para lograr hacer del fútbol femenil una verdadera liga profesional son menores –pese al discurso de igualdad de FIFA y de los resultados obtenidos dentro de la Selección Nacional, como la obtención del oro en los Juegos Centroamericanos en 2018 y el bronce en los Juegos Panamericanos de 2015.

Referencias bibliográficas

Almaraz, I. (29 de diciembre de 2017). Organización Editorial Mexicana. Recuperado de: https://www.esto.com.mx/324694-la-liga-mx-femenil-de-los-grandes-exitos-del-2017/ (consultado el 13 de julio de 2018).

Delgado, Dirce. Entrevista realizada el 16 de octubre de 2018. 

Janson, A. (2008). Se acabó ese juego que te hacía feliz. Buenos Aires, Argentina: Aurelia Rivera Libros. 

Liga MX femenil. Recuperado de: http://www.ligafemenil.mx/ (consultado el 5 de noviembre de 2018).

Santillán Esqueda, M. y Gantús, F. (2010). Transgresiones femeninas: fútbol. Una mirada desde la caricatura de la prensa, México 1970-1971. Tzintzun. Revista de Estudios Históricos, 52, p. 143-176.

THE ROOTS OF NADESHIKO SUCCESS

Elise Edwards

PhD and Professor of Anthropology. Department of History and Anthropology, Butler University (Indiana, Estados Unidos). Affiliate Faculty in Gender, Women and Sexuality Studies; Science Technology & Society; and International Studies. Her research interests include issues of gender, sexuality, and discourses of national identity in Japan, particularly as they are articulated and disciplined through technologies of sports, recreation, and physical education. She is currently working on a book about soccer, corporate sport, the recession of the 1990s, and national identity in Japan, which is tentatively titled Fields for the Future: Soccer, Nation, and Citizens in Japan at the Turn of the 21st Century. Edwards both played and coached soccer in the Japanese women’s “L-League” in the mid-1990s as well as with U.S. collegiate teams for over fifteen years. Mail: emedwar1@butler.edu

JEF group

Japan’s Women’s National Team,“Nadeshiko Japan”, did not get off to the start they were hoping for in their first group match of the 2019 World Cup against Argentina. Despite spending the majority of the match in the 37th-ranked Argentine’s half, the 7th-ranked Japanese women couldn’t find an attacking solution against the South American’s disciplined defense. Argentina held Japan to a 0-0 draw and earned their first ever point in the Women’s World Cup. Along with Australia’s unexpected defeat to Italy in their opener, the match vied for the status of biggest upset of the tournament so far. Head coach Asako Takakura and her squad undoubtedly realized that this marked Japan’s worst performance in a World Cup since they were eliminated in the group stages in both 2003 and 2007.

The result starkly contrasts with the team’s record-setting performances over the past decade, the greatest undoubtedly being their 2011 World Cup championship victory over a greatly-favored U.S. team. The shoot-out win that followed a fiercely-fought 2-2 draw was the first time Japan had ever beaten the Americans in a total of twenty-six meetings stretching back over two decades. It was the first World Cup Championship for an Asian soccer team, women’s or men’s, and even more symbolically significant as it followed the tripartite earthquake-tsunami-nuclear meltdown nightmare of March 11th that same year.

In 2014, Takakura led the under-17 youth to a World Cup title, and in 2018, Japan added the under-20 trophy to their cabinet, becoming the only nation to win both women’s youth global championships and the senior World Cup. Silver medals won at both the 2012 London Olympics and the 2015 World Cup in Canada also make the Nadeshiko women the only Asian team to have three combined medals from international championships. However, as is true for all sport powerhouses, the storied successes have been overshadowed by narratives of failure. Most painful, possibly, was the 5-2 loss to the U.S. in their World Cup Final rematch in 2015, which got off to an embarrassing start with the U.S. putting away four goals in the first 16 minutes of the match. To add insult to injury, Japan failed to qualify for the 2016 Rio Olympics the following year –despite a promise from their since ousted head coach, Norio Sasaki, that they would redeem themselves in Brazil.

Since 2016, the Nadeshiko side has seen significant changes, not least of which was the hiring of their first female head coach, Asako Takakura, a star veteran international who has worked her way up through the youth ranks at the JFA. Known to be a bold and pioneering captain for both Japan’s national team and her club team, NTV Beleza, Takakura has made it known that she also wants to be a “pioneer” with the Nadeshiko team. While enduring a significant amount of scrutiny and doubt, which seems noticeably amplified due to her gender, the six-time AFC Women’s Coach of the Year has refused to play safe and has confidently pursued her game plan to overhaul and rejuvenate the Nadeshiko team. She has invited no less than 50 new faces to national team camps –a level of experimentation and testing unheard of for almost any national team, not only Japan’s world-class side. Takakura has also introduced a new style of play to the team. Often referred to by the skipper as “thinking soccer,” it is an attempt to infuse a new level of individuality and ingenuity into a squad that is renowned for displaying some of the most technically refined soccer on the planet.

Some have suggested that Takakura’s true target is not this year’s World Cup, but rather the 2020 Tokyo Olympics, arguably an even more important tournament for a globally top-ranked team still trying to earn respect from domestic fans and their own federation. Takakura has been daring and possibly even revolutionary with her roster selections. Half of Nadeshiko’s 20 field players are 22 years old or younger, and only three players are older than 28. (In contrast, the average age of the U.S. squad is 28 –and the same was true when they claimed the World Cup victory in 2015). In Japan’s opener with Argentina, there were only two players in the starting line-up who had played in the 2015 World Cup, and there are only 5 on the squad in total (the U.S. team roster contains 12 veterans from 2015). To many, it looks like a veteran powerhouse left almost all of its seasoned vets at home.

To many experts, the Japanese squad simply looks too young and inexperienced to pull off a another World Cup championship, or even an appearance in the semi-finals. And, they may be right: this may not be there year. However, we must also remember that when the Nadeshiko team lifted the World Cup trophy in 2011, the predominant story inside and outside Japan was that it was a shocking result. Many assumed that the talent-rich U.S. team was simply too strong and couldn’t be beaten; however, many also forgot that the Japanese had finished fourth at the Beijing Olympics just three years previous and were ranked 4th in the world going in to the 2015 tournament. Although the Japanese team rose to international prominence very quickly, with some historical perspective it’s clear that their success was in many ways the predictable culmination of decades of focused work.

Japan’s domestic, semi-professional “Nadeshiko League,” just celebrated its 30th anniversary. While it doesn’t enjoy the kind of corporate support seen in the heyday of Japan’s bubble economy, League executives have proven themselves creative and resourceful time and again through multiple difficult periods. Despite financial stresses, the League continues to be incredibly well organized, and teams are well coached. The clubs also provide spaces for girls and women to train 5-6 days of the week, 10-11 months out of the year –unheard of in most of the other top women’s football countries. It is this foundation –the efforts of hundreds of under- and un-paid players and coaches, and countless loyal volunteers– and players’ tireless dedication to the game that has been the bedrock and fertile turf for Nadeshiko Japan. Rather than a surprising outcome, Japan’s ability to capture a World Cup in 2011 –not to mention to youth World Cup championships in the last 4 years– was in many ways a statistically probable conclusion. As the Nadeshiko League moves into its fourth decade, it remains the central training ground for the majority of the national team squad (only two members of the 2019 roster currently play outside of Japan). The Nadeshiko women will most likely continue to push the women’s footballing world technically and tactically as they have consistently over the last decade. If Takakura is allowed to continue with her vision, it will be exciting to see what the next few years will hold for the Nadeshiko women, who are the product of a resilient domestic league that has been at the root of their success.

LAS LEONAS

Jorrit Smink

Trabajó como periodista de deportes y DT profesional en Holanda y Chile, donde vive desde 2006. Escribió seis libros. Recientemente produjo una película (“Lo siento Laura”) y un documental (“Girls on a Square”) sobre la migración a Chile. Mail: staanplaats@hotmail.com

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Si alguien habla sobre el fútbol holandés, habla de la Naranja Mecánica, las tres finales perdidas en la Copa del Mundo y el Ajax de 1995 que ganó la Champions League. Holanda siempre ha estado entre los favoritos para ganar un Mundial o una Copa Europea, pero desde el tercer lugar obtenido en 2014 en el Mundial de Brasil el equipo nacional se transformó en un verdadero chiste: no logró clasificar para la Eurocopa de 2016, ni para el Mundial de 2018.

Mientras los hinchas de Holanda sufrían más que nunca –y los holandeses saben lo que es eso– de repente pasó algo increíble: el equipo femenino ganó la Eurocopa el 6 de agosto 2017, 4-2 contra Dinamarca. Era el momento más propicio para hacerlo. En medio de toda la tristeza que generaron los varones, las mujeres lograron ganar los corazones de los hinchas y la atención máxima de la prensa.

De un mes a otro todos los holandeses de repente conocieron a Lieke Martens, la estrella de FC Barcelona y elegida mejor jugador del mundo en 2017. Pero también a la goleadora Vivianne Miedema (Arsenal) y a Shanice van der Sande, estrella de Olympique Lyon, ganadora de la Champions League, entre muchas más.

Holanda era otra vez naranja, pero esta vez gracias a las mujeres. A partir de este momento los partidos de “Las Leonas” se emitieron en vivo en la televisión holandesa y a partir de eso empezaron a proliferar los comerciales con jugadoras holandeses. Y mientras que las mujeres jugaron un fútbol dominante, algunas veces lograron más audiencia en la televisión que los varones, jugaron sin estilo ni ideas en partidos importantes contra equipos como Suecia y Bulgaria.

¿Qué generó este cambio en Holanda? Primero que todo: la asociación de fútbol holandesa ha invertido mucho en el desarrollo del fútbol femenino. Como algunas de las medidas, ofrecieron clases especiales para profesoras y profesores de niñas en clubes, y enviaron técnicos gratis. También comenzaron con ligas para niñas y más selecciones regionales.

Las jugadoras tienen mucha más atención que antes. Tradicionalmente los clubes amateurs lograban –con suerte– un equipo para niñas, entrenando una vez por semana con un familiar a cargo sin formación técnica ni deportiva. Ahora, la mayoría de los clubes (en Holanda los niños participan en instituciones deportivas y casi nunca en colegios) tiene un jefe de desarrollo de fútbol femenino y varios equipos de niñas participando en ligas femeninas. Antes los equipos de niñas participaban en ligas mixtas.

Un informe de “Kennisbank Sport en Bewegen” del año 2015 muestra que para las niñas de entre cuatro y diez años de edad, el fútbol fue el deporte que más creció en la última década. Según lo reflejan las estadísticas, sólo gimnasia y hockey sobre césped tienen más niñas activas:

  1. Gimnasia, 181.087
  2. Hockey sobre césped, 117.011
  3. Fútbol, 84.519

Desde 2015 el fútbol femenino creció aun más y es probable que supere próximamente al hockey sobre césped en popularidad.

Hans van Breukelen –arquero del equipo que ganó la Eurocopa en 1988– es una de las personalidades menos queridos en el fútbol holandés en la actualidad. Es visto como el símbolo de los fracasos de los varones. Comenzó como entrenador en 2014 después del Mundial y la prensa lo cree responsable por los malos resultados. Mientras que todo lo que hizo para los varones terminó mal, una decisión que tomó para el equipo de las mujeres resultó en una de oro. Él fue quien sacó a Arjen van der Laan como DT y dio confianza a una DT mujer: Sarina Wiegman, con Foppe de Haan como ayudante. Sin duda era lo que el equipo necesitaba.

Las mujeres fueron entrenadas durante mucho tiempo por varones, ex profesionales de fútbol que no lograron resultados como directores técnicos, y que por ello decidieron migrar al fútbol femenino, aunque tampoco allí obtuvieron grandes conquistas.

Con la llegada de Wiegman, el equipo tuvo una conductora que jugó 104 partidos para Las Leonas y que por eso entendió exactamente lo que el equipo necesitaba. Ayudada por De Haan, un famoso DT que logró ganar una Eurocopa en 2005 con el Sub-23, ya pensionado, el esquema se completó. Esta combinación fue el mejor cuerpo técnico en la historia del equipo, un cuerpo técnico que ganó la Eurocopa. Hans van Breukelen por lo menos tomó una buena decisión. Contratando a una DT tan importante al igual que a Foppe de Haan como ayudante técnico, la Real Asociación de los Países Bajos (KNVB) mostró más que nunca que el equipo de mujeres es realmente importante.

El pasado martes 11 de junio de 2019 Las Leonas ganaron su primer partido en el Mundial de Francia por 1-0. El triunfo se dio en el último momento con un gol de Jill Roord, centrocampista del Bayern Munich, quien se irá a jugar a Arsenal el próximo año. Holanda es ahora uno de los equipos favoritos, entre las 24 selecciones, para conseguir la Copa Mundial. Y esto nos demuestra que en 15 años pueden cambiar muchas cosas si una asociación tiene visión e intenciones.

Otra gran ventaja para los hinchas holandeses es que Las Leonas inspiraron al equipo de varones. Como dijeron varios jugadores: “Nosotros tenemos que mostrar que aun podemos jugar fútbol”. Y con nuevas ganas, la Naranja Mecánica se clasificó para la final del Nations League, aunque lamentablemente perdieron como verdaderos varones holandeses 1-0 contra Portugal, una semana antes el comienzo del Mundial femenino. Ahora le toca a la mujeres mostrar que ellas sí ganan finales. Ya ganaron uno y quieren más.

LAS MATILDAS, NUESTRO EQUIPO NACIONAL

Jorge Knijnik

Docente en la Western Sydney University (Australia) donde es director adjunto del Centro de Investigación Educativa (CER) e investigador del Instituto para la Cultura y la Sociedad (ICS). Recientemente ha publicado The World Cup Chronicles: 31 days that Rocked Brazil (Fair Play) y Embodied Masculinities in global Sport (Fit). Nació en Porto Alegre (Brasil) y obtuvo su Doctorado en Psicología Social en la Universidade de Sao Paulo. Puede ser contactado en Twitter como @JorgeKni. Mail: J.Knijnik@westernsydney.edu.au

Sam Kerr, Las Matildas

En la última semana de mayo, en las vísperas de la Copa del Mundo de Fútbol Femenino de Francia, el mundo futbolístico australiano se estremeció de nuevo: la Federación Australiana de Fútbol (FFA) llegó al público a través de una nota oficial aclarando que la división del entrenador de la selección femenina de fútbol, Alen Stajcic, en el año del Mundial, había sido basada sólo por una decisión de la directiva y que éste siempre se comportó profesionalmente, sin haber cometido nunca una falta que justificara este despido. En el marco de esta nota, Heather Reid –vicepresidente de la FFA y miembro de esta directiva– emitió un comunicado personal en el que se disculpaba profundamente de las insinuaciones deletéreas que había hecho en la época del despido de Stajcic, a principios de febrero de 2019. Al retirar todas las sus palabras, Reid también se disculpaba con el técnico, su esposa e hijos por el estrés que había causado a aquella familia.

Estas manifestaciones públicas se hacían absolutamente necesarias para apagar un incendio que se arrastraba de ese febrero, con la dimisión de Stajcic. Conocido como un técnico rígido, pero con buenas relaciones con las jugadoras, Stajcic comandaba las “Matildas” desde 2014. En este período, la ascensión técnica del equipo las transformó en la selección nacional más querida en los últimos años en el competitivo escenario deportivo australiano: el “vedetismo” de las Matildas se consolidó después de la conquista invicta del “Tournament of Nations” un torneo amistoso realizado en 2017 en Estados Unidos cuando, además de masacrar a Brasil por 6 a 1, las Matildas vencieron por primera vez en la historia a las anfitrionas (1 a 0) y también derrotar las japonesas por 4 a 2.

Desde entonces, las Matildas cayeron en la boca del pueblo: las apuestas en un título Mundial en Francia aumentaron aún más cuando la selección brasileña vino a Australia para una serie de tres amistosos al final de 2017: siempre con estadios llenos, las Matildas atropellaron al equipo de Marta, con derecho a pelea entre jugadoras y todo. Las nuevas camisetas de las Matildas lanzadas por la federación se han agotado en las tiendas en pocos días, incluyendo los modelos masculinos. Los medios australianos y los australianos en general hicieron una campaña muy grande para que la estrella del equipo, la delantera Samantha Kerr, que celebra sus goles haciendo piruetas en el aire, ganó el Balón de Oro de la FIFA, y se decepcionaron mucho cuando la brasileña Marta se llevó el premio de nuevo.

Así, la dimisión de Stajcic a principios de febrero causó un verdadero huracán mediático y una explosión de descontento entre los aficionados de las Matildas y el mundo deportivo australiano. Este huracán fue intensificado por la ausencia de justificaciones para esta decisión dramática en el año de la Copa, con muchos lamentando el estrago en el equipo que tenía todo para ser campeón. Las sucesivas conferencias de prensa convocadas por la FFA aumentaron el furor, pues como los motivos de la dimisión jamás quedaron claros, muchas cosas quedaban en el aire, y los rumores de problemas como acoso sexual, cuestiones relacionadas con la homosexualidad de las jugadoras y una posible “mafia lesbiana” que controlan el equipo sólo aumentaron cuando Reid –que recién empezaba como vicepresidente de la FFA– difundió comentarios a través de redes sociales y periodistas influyentes en los que decía que “si todos supieran lo que sé, Stajcic jamás trabajaría en el fútbol femenino nuevamente”. Muchos periodistas compraron este discurso, y sin evidencias –o al menos sin hacerlas públicas– se embarcaron en una campaña que realmente dejó al técnico en las cuerdas en relación a su reputación profesional y personal. Para empeorar la historia, supuestos resultados de una encuesta de opinión online realizada entre las atletas y el staff de las Matildas parecerían confirmar que había serias cuestiones de abuso de género en la gestión de Stajcic al mando de las Matildas. Por otro lado, varias atletas líderes del equipo hicieron públicos su respeto y admiración al técnico por medio de sus redes sociales. En fin, un imbróglio que aparentemente ahora tendrá fin, por medio de estas notas de la FFA y de Reid, que ciertamente forman parte de un acuerdo jurídico entre la federación y el ex técnico de las Matildas, quien ya fue contratado para trabajar como técnico de un equipo masculina de la primera división australiana. Sin embargo, muchos comentan en los medios y en las redes que las excusas de Reid debieron haber sido acompañadas de su solicitud de renuncia. Veremos los nuevos capítulos, pero particularmente dudo que esto suceda. En caso de que mejore sus problemas de salud que lo llevaron a alejarse de su cargo temporalmente, estoy seguro de que será visto en los palcos VIP del Mundial de Francia, con los gastos pagados por la FFA.

En 1994 el equipo australiano de mujeres se clasificó para el Mundial de fútbol femenino jugado en Suecia el siguiente año. Así, en febrero de 1995 un grupo de jugadoras disputando un lugar en esa selección hizo un partido preliminar a un encuentro amistoso de los Socceroos (la selección masculina) contra Colombia en el Sydney Football Stadium. En el programa oficial, el equipo de las mujeres fue llamado “Socceroos femenino”. Una vez que el juego terminó, el SBS (uno de los mayores canales televisivos públicos australianos) lanzó una encuesta entre sus espectadores para elegir el apodo del equipo de las mujeres. En mayo de 1995, el nombre “Matildas” fue anunciado como el ganador. A pesar de las resistencias iniciales, el apodo ganó lugar, y desde el Mundial de 1995 las Matildas vienen compitiendo regularmente a nivel internacional.

Waltzing Matilda es una canción popular del folclore australiano. Muchos la consideran como el segundo himno nacional de Australia y la cantan fervientemente en el día nacional después de algunos tragos. La canción habla sobre un personaje mitológico australiano, el “swagman” que camina por el país a buscar trabajo, con su sombrero de paja y su pequeño cesto donde lleva sus pocas ropas y pertenencias –el muggle fue cariñosamente apodado “Matilda”–. Waltzing Matilda significa, entonces, viajar por el país tal como un swagman, con su muggle en el hombro, buscando trabajo.

Muchas Matildas todavía están así, vendiendo su trabajo por Australia o por el mundo: cuando termina la corta temporada de la W-League (la competencia de mujeres más importante de Australia) en el verano australiano (cuando llegan a jugar al mediodía con temperaturas de 40°C o más, bajo contratos temporales donde no ganan lo mismo), ellas viajan a los Estados Unidos o a Europa, para participar de las temporadas de allí; o siguen aquí, ahora jugando en equipos de la segunda división. De una forma o de otra, las Matildas son guerreras: hace algunos años ya lucharon contra la federación australiana, entrando en huelga para exigir pago igual al de los Socceroos, por lo que la federación fue obligada a cancelar la participación del equipo en un torneo internacional en el Estados Unidos a las vísperas de la competencia.

Como se ha visto en sus últimos resultados, también son guerreras en los campos. Mejorando cada vez más como futbolistas y como equipo, con una conciencia social que viene creciendo, las Matildas tienen todo para brillar en las próximas competiciones internacionales. Como todo indica que Marta y la Selección Brasileña no irán lejos en este Mundial, ya estoy preparando mi grito para Francia 2019: #GoMatildas.

LA OBLIGACIÓN DE TRANSMITIR A LA ROJA EN EL MUNDIAL DE FRANCIA

Simón Martínez

Egresado de Sociología, Universidad Academia de Humanismo Cristiano (UAHC), Chile. Integrante del Grupo de Investigación en Deporte, Actividad Física y Sociedad (GIDAFS). Mail: simon.martinezv@gmail.com

Mauro Navarrete

Egresado de Sociología, Universidad Academia de Humanismo Cristiano (UAHC), Chile. Integrante del Grupo de Investigación en Deporte, Actividad Física y Sociedad (GIDAFS). Mail: alonsonjz@gmail.com

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El 11 de julio será recordado como el día en que Chile hace su estreno en los mundiales femeninos adultos. Para un país como este, en donde el fútbol es el deporte más popular y que atraviesa por su mejor época a nivel de selección –ganando la Copa América del 2015 y 2016– este día debería haber sido un hito para el fútbol nacional.

El contexto es que seis días después hace su debut su símil masculino por la Copa América y en paralelo al Mundial está el torneo continental. Por una parte la atención internacional en general está puesta en la Copa América y no en el Mundial. Y por otra parte, hace un par de meses que en la selección masculina se viene gestando una “teleserie” entre los referentes del camarín, lo cual ha dejado a Claudio Bravo (arquero y capitán) fuera de la nómina y la “generación dorada” parece estar llegando a su fin. El tema central de la prensa ha sido la pelea “Vidal-Bravo”, “la lesión de Alexis” y hasta el día 11 en que se debuta en el Mundial poco y nada sabíamos en Chile sobre las posibles formaciones, cómo sería el esquema táctico, las titulares, cómo se plantarían ante Suecia o Estados Unidos –dos potencias– y donde Chile no es favorito. En escasos despachos hemos visto entrevistas con el entrenador José Letelier, hablando de las jugadoras, de lo que significa para el plantel, del trabajo de preparación que se hizo desde la clasificación hace un año. Sumado a eso, también está la ausencia de periodistas que den coberturas en vivo desde Francia (como lo hacen cada vez que la selección adulta juega, incluso un amistoso fuera del país), desde el Canal del Fútbol se envió a una reportera, las transmisiones de los partidos se harían desde Santiago o quizás Brasil, ya que el foco está en la Copa América y los recursos de los medios se despliegan hacia donde juega la selección masculina, donde está el morbo y el marketing.

En este sentido, no se puede negar que la cobertura y preocupación tanto de los medios de comunicación como del gobierno, se han incrementado en pos de los resultados que ha obtenido la selección femenina y del contexto de cambios que nos encontramos actualmente en torno a la temática de género en las diversas dimensiones que componen lo social. Sin embargo, pese a esta mayor cobertura y preocupación por la mujer y particularmente por la selección femenina, se siguen sufriendo discriminaciones de género. Un primer hecho a destacar es el comercial lanzado hace pocos días por un banco español presente en el país, que nos muestra a un niño vestido con la indumentaria de la capitana de la selección –Christiane Endler–, triste y solitario porque no lo dejan jugar, y sufre bullying por utilizar la camiseta de una mujer, siendo varón. Su papá se acerca a él y le señala que no debe estar triste por algo así, que Endler es buenísima y que la camiseta dice ‘‘Federación de Fútbol de Chile, ni de varones, ni de mujeres ¡Una sola roja!’’; el niño asiente y se funden en un abrazo fraterno. Dirán ustedes, ¿Cuál es el punto? Bueno, el punto es que se invisibiliza la identidad colectiva de ser mujer, las discriminaciones, el doble y triple esfuerzo que deben hacer día a día tanto como deportistas como por ser mujeres en una sociedad que les pone todo cuesta arriba. Al momento de decir ‘‘todos somos la roja’’ borra la identidad política de ser mujer, borra las diferencias abismales entre ser mujer y ser varón dentro del fútbol profesional y nos embauca con la ilusión romántica de que todas y todos somos iguales, es decir: “Si todos somos la roja, ¿por qué no tienen el apoyo económico, político y mediático las mujeres que juegan y los varones sí?”.

Un segundo hecho es la publicación sexista de un periódico de circulación diaria en el país una semana antes de iniciar la cita mundialista. La nota, llamada ‘‘La líder de la perfección’’, analiza las características físicas del rostro de Christiane Endler, pero no se detiene sobre su juego o rendimiento deportivo, sacándola de la dimensión del deporte y sometiéndola al espectáculo cosificador de cuerpos, de cuerpos deseables. La nota invisibiliza las capacidades, el esfuerzo, el sacrificio, las debilidades y las virtudes de la jugadora, como si lo único importante que tiene una mujer fuera su rostro y su físico. Junto a ello, ha sido escaso lo que se ha hablado de fútbol en estos días. No se han tratado temas como las decisiones técnicas, formaciones, estrategias, planificaciones de partidos. Pareciera ser que sólo se habla de las mujeres futbolistas en cuanto salen de su rol de deportista y se transforman en mujeres de deseo.

La cobertura de los partidos del Mundial en televisión abierta fue reducida a transmitir el partido inaugural y los partidos concernientes a la selección chilena. En cuanto a la realización de programas especiales en donde se hable del día a día de las jugadoras o del cuerpo técnico, espacios de debate en torno al juego de la selección y el análisis de las rivales del Mundial (como nos tienen acostumbrados con el fútbol masculino), no se ha realizado en absoluto. Es más, la publicidad de los partidos de mujeres que permiten acercar a la población al fútbol femenino está reducida al mínimo. Pareciera ser que el Mundial no se estuviera jugando, algo bastante poco común en la era globalizada en que vivimos; aunque sabemos y podemos ver de forma inmediata lo que está pasando en otro rincón del mundo.

El debut de la selección femenina en un Mundial adulto es para Chile, un hito para todas las mujeres, no sólo para las deportistas. Esto porque reiteramos que el fútbol es el deporte más popular, el más jugado, el más visto, el más comentado. En el 2015 cuando se gana la Copa América por primera vez en 100 años de historia de la selección, fue una fiesta de sur a norte: el pueblo salió a manifestar su alegría ante un triunfo de un objeto tan arraigado a la sociedad. Pero al parecer, esta fiesta, esta historia, es la que escriben los equipos de varones: “más niños serán futbolistas”, pero varones. Pues esta es una gran oportunidad para que las niñas tengan una referente en la historia desde donde partir, un grupo de jugadoras (en su mayoría sin siquiera ser profesionales, sin un sueldo fijo y sin garantías mínimas en salud; la realidad del fútbol femenino en Chile), que sin apoyo de nadie lograron una clasificación al Mundial y hoy representan al país igual que los varones, pero no en cuanto a la igualdad de condiciones.

Lo más paupérrimo es que ni siquiera jugar el Mundial hace que el fútbol femenino sea foco de atención para la federación (hace un par de meses lograron seguro médico universal) ni para la prensa, que hoy por hoy son quienes mueven el fútbol (porque el dinero por derecho televiso son el sustento económico de la mayoría de los clubes profesionales). Es por ello que la prensa tiene un responsabilidad importante en cubrir este Mundial y darle la importancia histórica que se merece. Hasta ahora no han tomado conciencia respecto al peso que significa para las mujeres –y más aún para las mujeres deportistas– la participación de la selección en el Mundial. Es un hecho histórico, político y social que sin dudas permite combatir prejuicios, ampliar la intervención femenina tanto en el deporte y hacia otros espacios, porque la participación de la roja femenina pone en la palestra pública el rol social de la mujer y las diversas discriminaciones que sufren al intentar ganar lugar en diversas actividades.

Referencias bibliográficas

Banco Santander [Santander Chile] (29 de mayo de 2019). Una sola Roja, #incondicionales sea cual sea el partido. [Archivo de video]. Recuperado de https://www.youtube.com/watch?v=mJ3hRMIiJZMEditorial (7 de junio de 2019). “Si esto no es violencia, qué es”: Repudian publicación de La Cuarta que objetiviza a la futbolista Christiane Endler. El Desconcierto. Recuperado de: https://www.eldesconcierto.cl/2019/06/07/si-esto-no-es-violencia-que-es-repudian-publicacion-de-la-cuarta-que-objetiviza-a-la-futbolista-christiane-endler/

REPRESENTACIONES INTERTEXTUALES DEL MUNDIAL FEMENIL 2019

Claudia Benassini Félix

Profesora Investigadora. Facultad Mexicana de Arquitectura, Diseño y Comunicación, Universidad La Salle, Ciudad de México.

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El viernes 7 de junio comenzó la octava edición del Campeonato Mundial de Fútbol Femenil, cuya organización y preparativos fueron seguidos por los medios de comunicación, con una cobertura más modesta que la acostumbrada con el equivalente varonil, quizá por mayor tradición, aunque desde luego por mayor afición. Se trata, sin embargo, de una justa llena de sorpresas en lo deportivo, pero también en la forma en que los medios buscan al interesado en el tema en un mundo globalizado, en el que la afición al fútbol se incrementa cotidianamente. El interés por el fútbol femenil todavía dista mucho del que se tiene por el varonil. Prueba de ello son los espacios limitados destinados al tema en periódicos, canales de televisión y medios digitales. Esta falta de interés se nota, por ejemplo, en la ausencia de enviados a las canchas en las que se llevan a cabo los partidos. En su lugar, los medios optan por transmitir la señal diferida y narrar el partido al espectador/a durante los espacios informativos. De hecho, cadenas como Telemundo, aun cuando Estados Unidos ostenta el campeonato, optaron por recomendar a sus audiencias que los siguieran en su canal de YouTube, evitando con ello perder la continuidad de su programación. Pero no todo es la cobertura mediática tradicional: otros escenarios se encargan de mostrarnos la forma en que el Mundial Femenil de este año se entreteje con otros contenidos mediáticos, para dar cuenta de que se trata de un espectáculo cada vez menos “femenino” y cada vez más “futbolístico”.

Un recorrido por YouTube

Siguiendo la recomendación de los comentaristas de Telemundo –y a falta de un espacio en los medios mexicanos– optamos por seguir la primera semana del Mundial Femenil a través de YouTube: la red social en la que habitan desde hace años comentaristas de índole diversa, incluidos los deportistas, agrupados bajo el gentilicio de YouTubers. Muchos adelantaron a sus seguidores, quienes podrían ser las finalistas y hasta las triunfadoras de la justa deportiva: Francia y Estados Unidos, en ese orden o invertido. Pero también otros espacios como el hondureño Diario Deportivo Diez, o el canal argentino Telefé, o el periódico catalán La Vanguardia se han incorporado al menú de YouTube para complementar al visitante la información sobre los favoritos. Un menú que, por su oferta, se destina sobre todo a aficionados al fútbol femenil. Se trata quizá de una forma metafórica de explicar la presencia de quienes nos comentan las reacciones frente a los uniformes que vestirán los 24 equipos; o quienes reflexionan sobre el crecimiento del futbol femenil después de la tercera edición jugada en Estados Unidos en 1999; o todo lo que debemos saber de este deporte antes del inicio de su octava edición.

Y en este espacio para mirones profesionales tienen también cabida las otras miradas sobre el fútbol femenil: aquellas que representan a las jugadoras más como mujeres que atienden sesiones de fotos ataviadas con sus nuevos uniformes, o pintándose las uñas mientras conversan entre sí; o los sitios que nos presentan a las cinco jugadoras más bellas del torneo. O a la jugadora Lorena Benítez, que fue madre hace un mes y está lista para alinear con Argentina y dejará a los mellizos con su pareja, también profesional del fútbol de su país. Y junto a estas imágenes que parecen extraídas de las revistas femeninas están también los espacios para el debate abiertos por cadenas como la alemana DW Kick Off: sin su Bundesliga, aunque argumentando sobre la práctica del fútbol femenil, o la nota de Telefé sobre el retorno de la selección argentina después de 12 años, o el derecho de las mujeres a participar en campeonatos de fútbol argumentado por el YouTuber un-Romano-a-México, o la apertura frente a cámara de las estampitas del álbum de Panini, por primera vez dedicado al fútbol femenil.

Representaciones intertextuales

Seguir el mundial femenil a través de YouTube ha sido una caja de sorpresas que me ha permitido ver cómo interactúan las diversas representaciones mediáticas sobre el tema. En un mundo globalizado, esta interacción de imágenes se explica a través de la intertextualidad: es decir, la manera en que las representaciones obtienen su significado en el contexto de otras representaciones consumidas en el presente y en el pasado (Krijnen y Van Bauwel, 2015). Esto nos lleva a pensar en que estos textos culturales tienen un sentido polisémico que se relaciona con la práctica del fútbol varonil, con los medios femeninos, con los deportes y con el fútbol femenil. Estas relaciones adquieren sentido en los distintos contextos en donde se practica el fútbol femenil, donde hay una afición fuerte o en proceso de construcción, donde se critica este deporte, o incluso donde prevalecen la curiosidad y el gusto por el espectáculo. De manera sincrónica y diacrónica, estos ingredientes se entrelazan y dan cuenta del camino recorrido por el fútbol femenil hasta llegar a su legitimación. Un ejemplo testimonial es el ya señalado trabajo de Telefé sobre el regreso de la selección argentina tras doce años de ausencia, que además da cuenta de las experiencias de las futbolistas que participaron en el primer mundial femenil en 1971. Aunado a este testimonio, la intertextualidad inherente a YouTube nos muestra las fechas de subida de los videos, el número de vistas y los comentarios de los visitantes, para obtener una conclusión preliminar de un ejercicio que habrá de prolongarse por varias semanas más: el interés de las audiencias por el fútbol femenil y su práctica es menos “femenino” y cada vez más “futbolístico” en cuanto al contenido se refiere. Conquista de género y conquista deportiva caminan de la mano en un mundo globalizado en el marco de un cambiante proceso sociocultural en donde, más que nunca, se hace necesario que la práctica femenil construya su propio discurso y deje de vivir a expensas de los discursos tradicionales que abundan en los medios tradicionales y redes sociales.

COPA DO MUNDO DE FUTEBOL FEMININO E O BRASIL: DA PÁTRIA DE CHUTEIRAS AO ESQUECIMENTO

Marcelo Melo

Prof. de la Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil). Mail: marcelaomelo@gmail.com

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“Eu tenho 5 filhos. Foram 4 homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher” Jair Bolsonaro, abril de 2017.

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A realização da (8ª edição) da Copa do Mundo de Futebol Feminino sempre provoca intensos debates no Brasil acerca do nível de desenvolvimento dessa modalidade no país. No tocante aos esportes coletivos mais conhecidos (futebol, basquete e vôlei) a menor visibilidade da versão feminina não guarda nenhuma relação com desempenho. Devemos lembrar que a seleção masculina de futebol brasileira não passa das quartas finais em mundiais desde título de 2002. A equipe feminina de vôlei sempre obteve resultados internacionais tão positivos quanto à masculina, ao passo que, a equipe feminina de basquetebol esteve em todas as edições dos últimos Jogos Olímpicos (incluindo medalhas de prata em 1996 e bronze em 2000) ao passo que seleção masculina ficou de fora das edições dos Jogos de 2000, 2004 e 2008. A expressão “nível de desenvolvimento” deve ser entendida como condições concretas para elevar a quantidade (e como desdobramento não imediato e nem automático, mas apenas provável, a qualidade técnica) das praticantes de futebol no Brasil. Quando falamos do Brasil como país do futebol estamos nos referindo quase que automaticamente ao universo masculino. A “Pátria de Chuteiras” do gigante escritor, jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues –menção ao fato de que seleção brasileira de futebol representaria o conjunto do país, só que vestindo uniforme esportivo– é um fenômeno exclusivamente masculino. Somente nessa edição de 2019 haverá transmissão ao vivo dos jogos da equipe feminina brasileira. A título de comparação, no mundial masculino de 2018 na Rússia, 2014 no Brasil e 2010 na África do Sul –e talvez em edições anteriores que escapem ao conhecimento desse escriba– todas as partidas do torneio foram transmitidas ao vivo na televisão aberta.

Isso se traduz na presença do futebol como opção de lazer feminina. Seja como praticante seja assistindo há um desincentivo à vivência feminina do futebol. A sociabilidade em larga escala no âmbito familiar e na escolaridade não torna a vivência do futebol por partes das meninas como algo corriqueiro. Ainda perdura no imaginário machista brasileiro –e talvez não apenas, mas também em outras formações sociais em nosso continente– a crença retrógrada de que “futebol é coisa de homem”. Mesmo notando uma lenta mudança, a incorporação do futebol –e também de outras modalidades femininas– como parte do cotidiano feminino ainda é uma luta a ser vencida.

O enfrentamento a essa questão passa também pela gigantesca desigualdade social (agravada quando acrescentamos cortes de gênero, étnicos raciais na análise) reinante no Brasil. Um exemplo claro é a expansão entre jovens de 15 a 29 anos dos chamados “NEM-NEM”, indicado na reportagem de Ana Carolina Moreno (2018), a partir de dados oficiais brasileiros. Essa expressão indica jovens que não estudam nem trabalham. Com dados de 2018, do total de 48 milhões de brasileiros nessa faixa etária, 11,3 milhões não trabalhavam –ao menos de maneira oficial, visto a terrível informalidade, agravada ainda mais pela trágica reforma trabalhista aprovada no governo golpista de Michel Temer (2016-2018)– e não estavam matriculadas em escolas de nível fundamental, médio e\ou técnica ou ensino superior. Perto de 25% dos jovens nessa faixa compõem os NEM NEM. Comparando com dados de 2016, houve um crescimento desse grupo. Ou seja, estamos diante de um quadro que aponta agravamento dessa terrível dimensão.

A menção ao apartamento do mundo do trabalho e da escolarização por parte dos jovens tem impacto severo na apropriação de uma série de bens culturais da humanidade. Com os esportes não seriam diferentes. O conjunto de questões que marcam o projeto capitalista neoliberal incide no campo dos esportes, e mais especificamente nas políticas sociais de esportes, de forma intensa. Questões como contingenciamento de recursos e subfinanciamento das políticas de esportes, atuação sob a lógica das chamadas parcerias com organismos na sociedade civil na execução das políticas, a difusão do chamado trabalho voluntário, a promoção da chamada Responsabilidade Social empresarial, encontram nas ações esportivas um rico campo de atuação. Isso tem como consequência uma barreira para exercício ao direito social ao esporte. Assim, percentual considerável de cidadãs brasileiras passam toda sua existência sem condições de concretas de vivenciarem- praticando e\ou assistindo- os esportes em geral. Inexistência e\ou má conservação de espaços públicos (praças, parques e campos) tem como desdobramento imediato a menor presença dos esportes no cotidiano, salvo enquanto espectadora. Isso deve ser tomado como uma barreira muita efetiva para apropriação do futebol por parte de meninas e mulheres. Organizar-se para uma partida recreativa (pelada, racha, rança ou baba, nas expressões populares de diversas regiões brasileiras) pode não ser algo tão simples.

No que tange às políticas sociais de esporte, o papel do Estado capitalista não se diferencia dos outros campos com muita substância. A oferta de políticas esportivas será diretamente proporcional ao estágio da correlação de forças entre as classes sociais em luta.

Para além da obtenção de bons resultados esportivos em torneios internacionais, o espraiamento da presença dos esportes na vida dos brasileiros em geral, e das mulheres em particular, tem como demanda o incremento de políticas sociais universais e específicas. Incremento da escolaridade em todas as dimensões- desde o aumento da cobertura da educação infantil (creches e pré escolas), elevação do baixíssimo percentual do educação integral nas redes públicas, o que provocaria maior contato de meninos e meninas com esportes, aumento do percentual de jovens nas universidades- tem como desdobramento positivo em diversos elementos da vida social, incluindo maior possibilidade de acesso aos elementos da cultura corporal de movimento.

Contudo, podemos afirmar que Brasil vai na direção contrária. Políticas de contenção de gastos públicos, reforma do ensino médio, extinção do Ministério do Esporte, diminuição de financiamento às políticas de esportes tem como consequência uma piora das condições de vida em muitos campos. As consequências disso tem cor, gênero e, sobretudo, classe social.

2019: A PESAR DE TODO, EL AÑO DEL FÚTBOL FEMENINO EN ESPAÑA

Carlos Pulleiro

Doctor en Estudios Internacionales por la Universidad del País Vasco/Euskal Herriko Unibertsitatea. Actualmente Research Fellow en la School of International Studies de la Universidad Sun Yat-sen (China). Mail: c.pulleiro.mendez@gmail.com

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30 de enero de 2019, Bilbao. 48.121 personas en el estadio San Mamés disfrutan de las semifinales de la Copa de la Reina entre el Athletic Club y el Atlético de Madrid. Récord de asistencia a un partido entre clubes de fútbol femenino en España.

17 de marzo de 2019, Madrid. Las 60.739 personas que presencian en El Metropolitano el partido de la liga femenina entre el Atlético de Madrid y el FC Barcelona, donde ambos clubes aspiran a ganar la liga, establecen un nuevo récord de asistencia, esta vez a nivel europeo. Se supera por fin la cifra de 53 mil personas que en 1920 vieron en el Goodison Park el partido entre Dick, Kerr’s Ladies FC y St Helen’s Ladies, sólo un año antes de que la federación inglesa excluyera de su organización al fútbol femenino, situación que se mantuvo hasta 1971.

11 de mayo de 2019, Granada. Atlético de Madrid y Real Sociedad disputan la final de la Copa de la Reina (victoria de la Real Sociedad por 1-2), que se retransmite por primera vez en una de las principales cadenas de televisión españolas y en horario de máxima audiencia.

Estos casos nos llevan a afirmar que el fútbol femenino en España está cambiando. Aparte de este incremento de espectadores y de cierto impacto mediático, la mejora competitiva constituiría la tercera característica clave de esta temporada 2018/2019. En diciembre, la selección sub-17 se proclamó por primera vez campeona del mundo, y en el ámbito de clubes, el FC Barcelona llegó en mayo a la final de la Champions League también por primera vez. El cierre a esta magnífica temporada lo pondrá la segunda participación de la selección absoluta en un Mundial.

Sin embargo, el crecimiento rara vez implica equilibrio y nunca significa igualdad. Así, 13 de los 16 clubes de primera división amenazan con la huelga el próximo septiembre si no se firma un Convenio Colectivo para el fútbol femenino, que garantice que la práctica del fútbol femenino en España no sea bajo las condiciones de precariedad histórica que le han caracterizado. Muchas de las jugadoras no tienen ningún derecho laboral reconocido (por ejemplo, las cláusulas antiembarazo son una constante) ni un sueldo garantizado. De hecho, el 49% de las futbolistas de élite no cobra y el 31% cobra menos de 485 euros al mes. De este modo, el desarrollo del fútbol femenino en España se está realizando precisamente a costa de las jugadoras.

Las posibilidades de negocio están ahí y el fútbol femenino está siendo una apuesta firme, al fin, para una Fédération Internationale de Football Association (FIFA) que busca justificarse acorralada por el movimiento feminista, su histórica opacidad, los escándalos de corrupción y las recientes críticas al Mundial como evento fallido en términos de desarrollo para el país organizador. Aun así, como afirmó la delantera estadounidense Megan Rapinoe en octubre, la FIFA hace cosas por el fútbol femenino, pero no se preocupan como lo hacen con el masculino. Precisamente, se acaba de poner en marcha un programa de desarrollo del fútbol femenino, pero la FIFA se niega en redondo a repartir sus recursos al 50% entre las categorías masculinas y femeninas, lo cual supone una excusa perfecta para el resto de estamentos del fútbol a nivel nacional.

Por lo tanto, en la era de la imagen y de la publicidad, la idea es mantener una apariencia de profesionalidad, de desarrollo, de crecimiento, pero donde los intereses y necesidades básicas de las verdaderas protagonistas siguen siendo ignoradas. Sin el convenio aprobado, actualmente la máxima categoría de clubes del fútbol español se encuentra en disputa entre la federación y La Liga, deseosas ambas instituciones de liderar la explotación comercial. En este sentido, la empresa Iberdrola se jacta de apoyar el deporte femenino mediante el patrocinio tanto de la liga como de la selección, por valor de 4.5 millones de euros. Sin embargo, como explica la Asociación para Mujeres en el Deporte Profesional (AMDP), Iberdrola da “una financiación a los clubes para diversas inversiones, que principalmente se utilizan para pagar las retransmisiones de los partidos, siempre utilizando su logo, para que pueda recuperar un 90% de la inversión a través de la ley de hacienda”.

¿Los medios de comunicación? Quitando los espacios feministas, ni están ni se les espera. La prioridad está en los equipos masculinos del Real Madrid, del FC Barcelona y del Atlético de Madrid, la selección masculina, el equipo masculino local de turno y cualquier dato irrelevante que les rodee. Ocasionalmente se encargan de recoger alguna situación de desigualdad, como cuando después de ganar la liga en 2016, el Athletic se opuso a que las campeonas surcaran la ría de Bilbao en la Gabarra como dicta la tradición, realizando un recorrido en autobús por la ciudad en su lugar. Sin embargo, más de una vez el entrenador del Athletic ha tenido que suspender una rueda de prensa al no haber ni un periodista presente. En otras palabras, la invisibilización sigue siendo la norma, con permiso ocasional de la exaltación del orgullo patrio como hemos visto al comienzo de este artículo, o a veces ni eso, con titulares como “dos españolas y Cristiano Ronaldo entre los nominados a mejor gol de la temporada por la UEFA”.

Y a pesar de todo, ellas siguen jugando, entrenando y arbitrando… hasta que se planten en defensa de sus derechos y exijan lo que les corresponde como ha hecho la ganadora del balón de oro Ada Hegerberg, que lleva dos años sin jugar con Noruega: contrato laboral como deportistas profesionales, una ley del deporte con un capítulo específico para el deporte femenino, representación al 50% en los organismos deportivos, 50% de los fondos públicos y 50% de cuota de pantalla en la TV pública, eliminación de cláusulas antiembarazo o el fin de la cosificación de las mujeres en el deporte serían un buen punto de partida.

UN MUNDIAL SIN GARRA

Bruno Mora

Magíster y docente de la Universidad de la República (Uruguay). Integrante del GT CLACSO Deporte, políticas públicas y sociedad. Integrante de los grupos de investigación “Cuerpo, Educación y Enseñanza”, y del Grupo de Estudios Sociales y Culturales sobre Deporte. Mail: bmora80@gmail.com

Fotografías de Lula Casanova, Uruguay

En un país donde el fútbol es el deporte por excelencia y donde todas las categorías masculinas se encuentran bien rankeadas a nivel mundial, llama poderosamente la atención de la Fédération Internationale de Football Association (FIFA) y del público en general la notoria ausencia de Uruguay en los mundiales femeninos. Entonces nos preguntamos ¿por qué Uruguay no fue al mundial?

La mentira general del aguante

Los medios de comunicación, los políticos, los propios jugadores, todos tienen aguante. Este es un punto de partida elemental para el tratamiento de la violencia en el fútbol, y particular para entender el fútbol uruguayo, porque el aguante uruguayo se configura y derrama de forma subliminal y simbólica. Es un sistema que parece actuar más allá de la voluntad y del tiempo de los sujetos, en tanto estructura de la condición masculina futbolera. Una violencia que, a golpe de vista en Uruguay, ha asesinado a 14 personas en más de 100 años de fútbol, dato baladí si lo comparamos con otras causas de muerte. Uruguay, se encuentra en el primer lugar de América por ahogamientos, con una tasa de 3,9% por 100 mil habitantes. En el año 2018 fallecieron 489 personas por accidentes de tránsito. Parecería que la violencia en el deporte, esa que nos invade constantemente en los medios de comunicación, que “corre a las familias del fútbol” y que nos llevó a invertir millones de pesos en cámaras de vigilancia, no es un problema país en términos de cantidad de víctimas. Los argumentos falaces del periodismo deportivo han sido rápidamente desmentidos por datos empíricos: en tiempos de supuesta efervescencia de “violencia en el deporte” (2014-2017) se duplicaron la venta de entradas al fútbol y se triplicaron al básquetball.

Sin embargo, su presencia en los medios es ampliamente superior a todos los otros motivos de muerte (ahogamiento, tránsito, paros cardíacos, suicidios, epidemias, entre otras). Un estudio realizado en 2015 por la Universidad de la República (Bayce y Mora, 2017) dio como resultado que la violencia en el deporte es un negocio que no se reduce a “los violentos”, sino a intereses reflejados en las lógicas estructurales y simbólicas reproducidas por los actores del fútbol directos e indirectos que conforman un discurso hegemónico ficticio (ya que no se sostiene bajo ninguna teoría ni estadística comprobada), tanto en “el cotidiano” como en las emisiones y actitudes amplificadas por los megaeventos deportivos transmitidos a todo el país y al exterior.

Pero también lo que expresan nuestros “héroes deportivos”, como parte de esas lógicas hegemónicas insostenibles, repercute en la cultura futbolística, por ser estos personajes mass-mediatizados como modelos de rol. Es decir, cuando Suárez en zona mixta afirma y reafirma en el 2016 que “el fútbol es para hombres y queda todo dentro de la cancha” (dos frases célebres del fútbol uruguayo) a partir de que el agredido lateral del Atlético de Madrid (Felipe) mostrase en redes sociales la profunda herida que le infringió el delantero celeste, también repercute en la construcción de lógicas de funcionamiento futboleras.

Por ello, la cuestión es más compleja si comenzamos a escarbar la “violencia en el deporte”, como algo que no se cierra a los barras bravas y a los asesinados para el caso uruguayo. ¿Qué sucede con niñas y niños en el fútbol infantil? ¿Cuáles son las posibilidades de participación más que de asistencia? ¿Cuál es el lugar de la mujer (árbitras, jugadoras, dirigentes) en el deporte? ¿Es inocente la exclusión de otros deportes bajo la consigna de cultura popular? Lo que pretendo sostener es una hipótesis, nada nueva, que seguramente se repita en otros países: el fútbol es una ambiente masculino y masculinizante que obtura, mientras pueda, toda posibilidad de participación (como posibilidad de decidir), de acción y de cambio de paradigmas que vayan en contra del patriarcado sostenido por las tradiciones fundadas aún en: a) el emblema del ethos burgués del hombre blanco europeo o que triunfa en europa; b) en épicas victorias mitificadas por la garra y los huevos, más que por el buen juego.

Este círculo contribuye a los intereses mediáticos, políticos y empresariales que juegan a manipular las emociones de las clases populares uruguayas. Un círculo discursivo que, en más de cien años, ha funcionado exitosamente.

Fotografías de Lula Casanova, Uruguay

Herencia machista que nos encanta

Recordemos que no hace aún 20 años que se levantó en Uruguay la prohibición expresa de que las niñas no podían participar de los equipos de fútbol infantil. Al ser inexistentes los equipos a nivel de clubes sociales o instituciones educativas, las chicas no contaban con ningún espacio para desarrollarse como futbolistas. Hoy eso ha cambiado: la Organización Nacional de Fútbol Infantil (ONFI) lleva adelante sus torneos en categorías femenina y mixta (aunque de los 48 mil niños que participan en ONFI, solo 3 mil aproximadamente son niñas). Sin embargo, las generaciones que hoy son adultas se hicieron a fuerza de picaditos callejeros, plazas, recreos de escuelas y con suerte algún cumpleaños con cancha de fútbol donde las dejaran jugar, sin profesionales idóneos que les brindaran contenidos ordenados. Se pierden entonces una edad de oro para el aprendizaje motriz, que deja huellas hasta el día de hoy. De hecho, en la actualidad, son más atractivos de observar y más dinámicos muchos partidos de la categoría sub-16 que de primera división por esta causa.

Por otra parte, una vez que se comienza a conquistar espacios de práctica de fútbol para las chicas, suelen ser las canchas, pelotas e indumentaria descartada ya por los varones a lo que las jugadoras acceden. Esto sucede hasta el día de hoy en todos los clubes que tienen equipos de fútbol femenino en la Asociación Uruguaya de Fútbol (AUF). Los lugares de entrenamiento y la cancha donde se juegan todos los partidos de local, en ningún caso se equipara a los usufructuados por la misma categoría masculina del mismo club. Las selecciones nacionales no son la excepción, más allá de que se han logrado ciertas conquistas en los últimos 10 años. A nivel político, la mesa ejecutiva del fútbol femenino tiene poco poder de decisión e influencia en el resto de la AUF, incluso en temas que involucran directamente a la categoría, como ser la elección del técnico de la selección. Eso ocurrió con el actual DT Ariel Longo, que en ningún momento contó con el apoyo de la presidenta del Consejo de Fútbol Femenino de la AUF, pero aún así fue impuesto como director técnico de todas las selecciones (va turnándose según qué categoría sea la que tenga alguna competencia). Contaba contaba con un viejo amigo como Director de Desarrollo de la AUF: Daniel Enríquez, quien tenía poco conocimiento de la realidad de las jugadoras uruguayas, historia y necesidades del fútbol femenino local, al igual que el DT que eligió para estar al frente de nuestras selecciones femeninas. No es un problema nuevo, históricamente han dirigido nuestras selecciones femeninas técnicos veteranos (ex-jugadores en la mayoría de los casos), poco aggiornados a la realidad del fútbol en general, y con mucho menos idea y formación respecto a entrenar planteles de deportistas mujeres, calcando sus entrenamientos de décadas pasadas con planteles masculinos a las selecciones femeninas actuales. El caso del fútbol sala no escapa a la excepción. Los técnicos a su vez son quienes escogen luego su cuerpo técnico con la misma falta de criterio con que ellos mismos fueron electos.

Bonita, lesbiana y política

Existe muy poca difusión del fútbol en su categoría femenina, en parte porque los decisores y conductores de programas deportivos son hombres o son sus hijos varones que continúan en la misma línea que sus padres, para quienes parece que el único deporte existente es el fútbol practicado por varones; y si deciden dedicar algunos pocos segundos a comentar acerca de algún deporte practicado por mujeres, lo hacen desde un lugar que no aporta contenido de análisis deportivo, sino con comentarios que aluden al aspecto físico de las jugadoras. Así comentaron la fase de grupos que le tocó a Uruguay (Finlandia, Ghana y Nueva Zelanda) en el mundial de fútbol sub-17 realizado el año pasado: “Con todo respeto, qué lindas deben ser las finlandesas”. “Me encantan. Las morenas lindas son una exquisitez. Y las de Nueva Zelanda también. Yo no sé qué va a pasar en la serie en materia futbolística, pero en materia de belleza…”.
La tesis de Lucía Pimentel (2018) releva discursos (de actores directos e indirectos) de una jugadora de fútbol masculinizada, lesbiana y disidente, como prejuicio construido para evitar el avance del fútbol practicado por mujeres. Tiago Figueiredo (2017) percibió en su tesis que la legitimación del fútbol femenino en Uruguay está directamente ligada a una agenda política feminista, insertada en un contexto más amplio de búsqueda de reconocimiento por parte del Estado de legitimar a las mujeres como sujetos de derecho, y la consecuente ejecución de políticas públicas en esa dirección. Esto comprueba que en Uruguay el fútbol femenino se institucionaliza junto a transformaciones más amplias en la sociedad, en lo que concierne a la lucha por los derechos. También Figueiredo visibiliza que el discurso de “la mujer en el deporte” ha sido apropiado por los enunciados del empoderamiento femenino, con la peligrosidad de constituirse en nuevo nicho de mercado.

En el país donde los álbumes de figuritas del mundial de fútbol femenino se agotaron a pesar de que la celeste no fue al mundial, la pregunta que se presenta es: ¿Es la lucha feminista dentro del deporte una disputa por apoyo a iniciativas que deberían promover el aumento de nichos de mercado con sus lógicas neoliberales? O dicho de otro modo: ¿Es objetivo de los feminismos latinoamericanos asistir a contiendas promovidas por organismos como la FIFA, que nada tienen que ver con la promoción de los derechos, la diversidad sexual o la emancipación de los pueblos?

Referencias bibliográficas

Bayce, Rafael y Mora, Bruno (2017). Violencia en el deporte. Discursos, debates y políticas en Uruguay. Montevideo, Uruguay: Fondo a temas de interés general de la Comisión Sectorial de Investigación Científica de la Universidad de la República.

Figueiredo, Tiago (2017). Processo de Institucionalização do Futebol Feminino no Brasil e no Uruguai: Perspectivas comparadas, feminismos e políticas públicas. Universidade federal fluminense. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Pós-graduação em Antropologia Social.

Observatorio de Fútbol Infantil ISEF-ONFI (2019). Proyecto financiado por el fondo a trayectorias integrales de la Comisión Sectorial de Extensión y Actividades en el Medio de la Universidad de la República. Montevideo, Uruguay.

Periódico digital mundodeportivo:

https://www.mundodeportivo.com/futbol/fc-barcelona/20160922/41482156853/suarez-atiza-a-filipe-el-futbol-es-para-hombres.html

Pimentel, Lucía (2018). Volando sobre tierra. Investigación sobre el fútbol practicado por mujeres en Uruguay (Monografía de grado de la Licenciatura en Sociología). Facultad de Ciencias Sociales, Universidad de la República.