DESPUÉS DE FRANCIA 2019

Verónica Moreira / Rodrigo Soto-Lagos

Coordinadorxs Grupo de Trabajo «Deporte, Políticas Públicas y Sociedad»

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El pasado 7 de julio terminó la 8va Copa Mundial Femenina de Fútbol 2019 con sede en Francia, y con esta entrega también finaliza Cuadernos del Mundial, con envíos diarios de investigadoras/es de distintos países y orientación académica que dieron su interpretación sobre este evento deportivo de connotación global. Participaron académicos y académicas de Argentina, Australia, Brasil, Canadá, Chile, Colombia, España, Holanda, Japón, México y Uruguay. De esta manera, podemos comentar que, esta vez, los Cuadernos hicieron participar a América, Asia, Europa y Oceanía, por lo que surge como desafío la inclusión de académicxs de países africanos para tener una voz global de los estudios sociales del deporte respecto de los grandes espectáculos deportivos. 

En esta versión, la multicampeona selección de Estados Unidos ganó por cuarta vez el certamen internacional, enfrentando en la final (y por primera vez) al conjunto holandés. En este torneo, para los cuartos de final no quedaban equipos latinoamericanos ni africanos, exponiendo esto la superioridad en cuanto al apoyo institucional y económico de las federaciones a las selecciones del Norte y las europeas. Esta superioridad deportiva, traducida en las ayudas antes dichas, también podría comunicar una brecha en el campo de la investigación: académicos y, sobre todo, académicas del Sur no logran estar en los grandes escenarios de la producción del conocimiento mundial, no por falta de capacidad sino por las débiles políticas de apoyo a la investigación en nuestros continentes. O, más claro aún, producto de la reducción del presupuesto en ciencia y tecnología de los actuales gobiernos latinoamericanos. 

Pese a la diferencia de incentivo entre las selecciones de las diferentes naciones, ciertos aspectos no cambian para las futbolistas –ni para las académicas–. Hasta las jugadoras de los países con mayor sustento han solicitado en conferencia de prensa la necesidad de una mayor atención por parte de la FIFA. La capitana del equipo campeón habló horas antes de la final sobre la coincidencia de ésta con las finales de la Copa América y la Copa de Oro, exponiendo de esta manera que el respeto que dispensa el organismo rector del fútbol a nivel global no es el mismo cuando se trata de varones o de mujeres.

A este hecho se suma el dinero que las atletas –y las académica– reciben como salarios y como premios. El presidente de la FIFA Gianni Infantino anunció que la cifra aumentaría a US$60 millones para la Copa Mundial Femenina de 2023. Frente a esto, la representante estadounidense destacó que si el deseo del presidente de la FIFA es no continuar ampliando la brecha entre el torneo mundial masculino y femenino por qué esperar cuatro años para tal inversión. Algo similar ocurre en relación al campo académico, las docentes e investigadoras aún no logran asimilar sus salarios, incentivos, becas e, incluso, los puestos de responsabilidad que sus pares masculinos poseen. Ambos ejemplos, y tal como hemos mencionado en las diferentes publicaciones desde los estudios sociales del deporte, demuestran que esta práctica humana –el deporte– es una institución que funciona con sus propias lógicas y prácticas. No es un espejo en el que la sociedad se mira a sí misma. En otras palabras, he aquí un gran avance que nuestro campo le ha aportado a las ciencias sociales: el deporte es un objeto de estudio y permite pensar la sociedad desde las dinámicas particular que en este espacio ocurre. 

Las voces de las deportistas se han hecho sentir en este torneo. Las mismas han encontrado en el contexto actual de cambio cultural el sostén para denunciar con acciones y palabras la estructura desigual en la que están insertas. En los últimos años, se han multiplicado y visibilizado las demandas de mujeres que se han sentido discriminadas a diario en sus trayectorias como atletas. Este surgimiento se inscribe en el fortalecimiento del movimiento de mujeres y los feminismos que han logrado instalar masivamente demandas que son históricas. Ningún otro mundial de fútbol de mujeres tuvo la repercusión, la promoción y la visibilidad como la actual versión. Mujeres como directoras técnicas, enviadas especiales de las cadenas de medios de comunicación, panelistas de programas de televisión, y aún pueden encontrarse más ejemplos. 

Y es que la visibilidad de la acción en distintos roles, ocupados históricamente por varones, ha demostrado que muchas mujeres se alejan del modelo tradicional y que los modos de ser mujer se multiplican. Las distintas protagonistas de este Mundial de fútbol ha discutido como nunca antes para un evento de esta envergadura los estereotipos que se han usado para clasificar, domesticar y desjerarquizar la posición de las mujeres. Ahora, es aún más posible, avanzar en el campo de la investigación y hacer visible cómo los feminismos logran multiplicar y visibilizar el aporte que las mujeres han hecho y continúan haciendo para la construcción de mundos –y por supuesto, deportes– más libres, más justos, y más diversos.

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O EFEITO DE “NORMALIZAÇÃO” DO FUTEBOL FEMININO NO BRASIL

Simoni Lahud

Programa de Pós-Graduação em Antropologia/UFF, Brasil. Mail: simonilahud@uol.com.br

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A VIII Copa do Mundo Feminina FIFA 2019 não trouxe resultados surpreendentes nas semifinais: 3 seleções europeias (Alemanha, Holanda e Suécia) e a seleção norte americana. As seleções alemã e norte americana alternam-se no ranking FIFA em primeiro e segundo lugares, considerando, além das Copas do Mundo e dos Jogos Olímpicos, os inúmeros outros torneios autorizados pela federação que monopoliza o futebol no mundo. Outras seleções, como a da Inglaterra, da Noruega e do Japão poderiam ter obtido boas colocações. Nenhuma da América do Sul que, no futebol masculino, obteve nove das vinte copas já realizadas, sendo claramente a região hegemônica no século XX. O futebol feminino de alto rendimento, portanto, está sendo claramente dominado pelo hemisfério norte ou, se quisermos outro recorte, por países colocados no centro monopolizador do capitalismo moderno.

Muitas vezes, o acúmulo de vitórias em campeonatos e torneios de alto rendimento não tem relação direta com a popularidade e difusão de um esporte numa determinada região. Tomando um exemplo, entre outros, do caso brasileiro, já tivemos, por alguns anos, o tenista número um do mundo –Gustavo Kuerten– sem que tivéssemos antes ou depois qualquer expansão/popularização do tênis em terras brasileiras. Entretanto, na maioria dos casos, a expansão/difusão de um esporte antecede e sustenta as conquistas do alto rendimento. Não que estas conquistas sejam essenciais mas, com certeza, têm um efeito multiplicador nas práticas ligadas a um determinado esporte. Para que isto ocorra, é preciso, primeiro, que ele já tenha sido apropriado por, pelo menos, uma parte significativa da população.

Nesse sentido, os efeitos deletérios da proibição do futebol feminino no Brasil, por cerca de 40 anos, a partir de 1941, são visíveis até da minha varanda. Resido ao lado de uma das maiores escolas públicas de ensino médio de Niterói e posso ver uma das quadras perfeitamente. Vejo ali muitos jogos de handebol –o esporte escolar mais praticado por aqui– tanto com times mistos, meninos e meninas, quanto times masculinos ou femininos. Quando, contudo, o jogo é o futebol, nunca vi times mistos ou femininos. Em recente debate que acompanhei, promovido pelo Museu do Futebol de São Paulo, uma das participantes chamou a atenção para a dificuldade que as meninas encontram de ocupar quadras ou campos de futebol, considerados como espaços claramente masculinos. Mesmo dentro das chamadas “escolinhas de futebol” ou nos projetos sociais esportivos, que estudo há anos junto com orientandos, a aceitação das meninas é sempre relativa! Nos times mistos, são, muitas vezes, ignoradas pelos meninos que jogam entre si. Por isso, muitos professores de educação física e alguns monitores de “escolinhas” criaram uma nova regra de inclusividade: o gol só é válido se a bola passar, em algum momento, pelos pés de alguma menina.

Da proibição à obrigação

Na mesma direção vai a determinação da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), seguindo orientação da FIFA, de que todos os clubes que disputam a série A do Campeonato Brasileiro, que dá acesso à Libertadores, tenham, necessariamente, que estruturar um time feminino profissional já em 2019, sob pena, inclusive, de serem impedidos de participar da Copa Libertadores (Conmebol) no ano seguinte. Isto quer dizer que as portas estão abertas finalmente para o futebol feminino no Brasil? Claro que não. No debate a que me referi na nota 1, com profissionais atuando no meio futebolístico, fica muito claro que, muitas vezes, dentro da própria CBF, trata-se de uma inclusão “de fachada”, sem um verdadeiro apoio e estruturação adequada.

Portanto, no Brasil, pelo menos por enquanto, o futebol tout court é o masculino. Apesar da queda de sua representatividade em termos identitários nacionais, como venho argumentando recentemente, o futebol masculino é o futebol no Brasil. Já se passaram 40 anos do levantamento da proibição ao futebol praticado por mulheres. Tivemos, nesse período, muitas jogadoras inseridas como profissionais nos maiores times do mundo. Tivemos a Marta, seis vezes escolhida como melhor do mundo. Nossas seleções, praticamente sem apoio, participaram das 8 copas do mundo realizadas. Mas tudo isso pouco abalou a hegemonia do futebol masculino em nossas representações.

Vale recorrer à velha comparação Brasil/Estados Unidos, feita por um contraste óbvio, comparação muito cara aos estudos socioculturais brasileiros. Mas, neste caso, ela lança não apenas luz mas muitos holofotes sobre as diferenças na compreensão do caso brasileiro e norte americano. Como dizia Pierre Bourdieu (1990), que não entendia nada de esportes mas sabia tudo de metodologia, “não se pode analisar um esporte particular independentemente do conjunto das práticas esportivas”. Nesse sentido, o caso americano é um caso exemplar. Devido às condições climáticas, os esportes nos EEUU têm temporadas indoor e outdoor. Não havia um equivalente feminino ao football (americano, outdoor). Resumidamente, começaram a estimular o soccer para as mulheres que, como sabemos, é o nosso football association. Escolas, clubes etc assumiram a prática imediatamente. Popularizou-se como num rastilho de pólvora. Deu no que deu, todos sabemos. No Brasil, ao contrário, a força do futebol de homens ocupou quase todo o espaço das práticas esportivas, impedindo o desenvolvimento e a “normalização” do futebol de mulheres. Deixou algum espaço para o vôlei, o basquete e, bem mais recentemente, para o handbol.

Nesses mesmos quarenta anos em que se popularizou o futebol de mulheres nos Estados Unidos, no Brasil, algumas guerreiras foram abrindo caminhos com extrema dificuldade. A demanda reprimida é extraordinária: atualmente, comparecem às peneiras dos clubes da primeira divisão cerca de 500 meninas sonhando em se profissionalizar.

Este, afinal, é o começo de uma normalização do futebol de mulheres no Brasil apesar das inúmeras dificuldades de que ainda se cerca? É possível. Esta VIII Copa do Mundo trouxe alguns aspectos auspiciosos: a maior rede de TV aberta do país transmitiu, ao vivo, pela primeira vez, os jogos da seleção brasileira, com uma audiência extraordinária. Uma editora comercial lançou o álbum de figurinhas oficial da FIFA (Women’s World Cup France 2019), pelo que pude saber, com grande aceitação. E, principalmente, a maioria das análises do desempenho do selecionado que acompanhei, fugiram aos estereótipos (bonita, feia, homossexual etc), fazendo análises técnicas dos jogos.

Cabe ainda chamar a atenção para a proliferação de excelentes trabalhos acadêmicos sobre o futebol de mulheres.

Creio que há muito chão ainda pela frente mas o caminho parece um pouco mais desimpedido. Igualar-se ao futebol masculino? Difícil prever. Entretanto, não hesito em afirmar que, finalmente, após a VIII Copa do Mundo, o futebol de mulheres no Brasil começa a ser considerado uma prática esportiva normal. O que, neste caso, não é pouco.

Referências

Bourdieu, P. (1990). Programa para uma sociologia dos esportes. Coisas Ditas. São Paulo: Brasiliense, p. 208.

FRANCIA 2019: ¿UN DESAFÍO SOCIO-ANTROPOLÓGICO PARA EL FÚTBOL-ESPECTÁCULO?

Beatriz Vélez

Socio-antropóloga del fútbol. Investigadora independiente asociada IREF, UQAM, Montreal (Canadá). Mail: trisvel@hotmail.com
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La 8va edición de la Copa del Mundo de Fútbol jugada por mujeres representa el hito histórico de un “nuevo fútbol” más por las preguntas surgidas que por el formato adoptado, igual al de cualquier producto estándar del fútbol-espectáculo al que nos ha acostumbrado la industria cultural de la diversión fútbolinc bajo la marca registrada FIFA. 

Pero la representación de jugadoras encarnadas y reales en una practica cultural en la cual solo han estado presentes en el orden de la irrealidad o del fantasma, desestabiliza la cultura convencional del fútbol. Así, el fútbolinc debe ver que mas allá del cálculo económico, el juego abraza la dimensión antropológica del cuerpo y del género, extremadamente importante para desarrollar el fútbol del futuro. 

La observación participativa que he realizado de la Copa en Francia hasta los octavos de final me ha permitido constatar una predominancia de la economía de mercado en los análisis de este evento presentado como el negocio del futuro en algunos medios. Este enfoque, encerrando el futbol jugado por mujeres en el “negocio” ha bloqueado las cuestiones del significado antropológico del evento y del legado aportado al fútbol por un protagonismo inusual. 

La presencia encarnada de mujeres en el terreno choca con presupuestos convencionales sobre lo ya visto y sabido de campeones, perdedores, equipos, hinchadas y dirigentes. Ayuda a percatarnos que si en Francia está emergiendo algo inédito, no una re-edición del fútbol conocido, necesitamos una apertura mental para nombrarlo. 

  Ya he sostenido que la corporeidad activada en el terreno de juego, al estimular el trabajo de la psiquis y de la imaginación, rinde mas complejo el significado del fútbol. Aquí agrego que tal complejidad redobla cuando la corporeidad en acting representa un cuerpo que recuerda al mismo tiempo el lugar del origen y del goce masculino. 

La presencia de tales cuerpos en los estadios desafía la tradición cultural y la historia iconográfica del fútbol, el entendimiento sociológico y la percepción sensible de la población, llamadas a conocer, representar y mirar el futbol inc., desde la realidad de género. La empresa del fútbolinc, rectora de los torneos, espectáculo, formato y conocimiento oficial del fútbol, un todo concebido para y por los hombres desde hace 150 años tiene una gran responsabilidad social ante esta nueva situación. Debe recordar que sus decisiones desbordan el marco de cifras económicas para no faltar a la cita histórica con la justicia de género. 

La historia del fútbol asociado se origina a finales del siglo XIX y comienzos del XX en una Inglaterra que estaba buscando imponer el capitalismo industrial. Acunado por este sistema económico como empresa lucrativa en nexo con las industrias de tejido, alimentos, bebidas e infraestructuras, el juego, cuyas promesas de libertad, creación, encuentro, identidad y placer catártico para la creciente población urbana son muy fuertes, fue protegido por el Estado. 

El fútbolinc comporta una unidad de producción de eventos, ídolos y diversión fácilmente descifrable. Pero el trabajo de jugadoras/es y los sentimientos de los aficionados, materia prima básica del producto a comercializar, son temas mas herméticos por su ligamen a nuestra condición antropológica. Léase al carácter eruptivo de nuestras emociones, tendencia al goce, a la ensoñación y a la búsqueda de placer sin otro fin que el mismo placer. Entonces, sí la práctica del fútbol ha terminado por conjugarse fundamentalmente en un solo sistema económico, en un solo género y en un solo formato cultural (capitalismo/masculino, fútbol-espectáculo) el juego integra un sistema cultural abierto a entradas variables como el fútbol no comercial, las mujeres, la diversidad sexual, el juego bajo otras reglas, la sensibilidad, la emoción, entre otras. 

En tal sentido el significado de la Copa jugada en Francia abre otros horizontes cognitivos y se revela categóricamente rico porque el protagonismo en el terreno, encarnado por mujeres, carece de precedentes concretos, abunda en precedentes simbólicos y legitima hoy el protagonismo de quienes han estado inhabilitadas para jugar oficialmente hasta finales de los ochenta y excluidas como deportistas en el formato de consumo popularizado por la marca registrada del fútbolinc

Sin duda que esta 8va edición de la Copa del Mundo ha sido un evento comercial exitoso. Los hechos y las cifras son estimulantes. Según la FIFA. 1. 094.639 de tiquetes están circulando entre el publico, 70% de los estadios se han llenado con un promedio de 15 mil espectadores por partido y 433 millones de vistas han sido registradas en los canales numéricos oficiales de la Copa. 

El impacto de la Copa jugada en Francia nos concierne a todas y a todos porque la puesta en escena del cuerpo exigida por el juego transmite registros visuales de unas acciones de excelencia corporal que contestan la ley patriarcal. La costumbre impuesta por la cultura de los géneros válida en todas las sociedades representadas en ese mundial, ha otorgado valor sólo a los actos del cuerpo de la mujer ligados al rol que la naturaleza impone al sujeto, no a los actos que están representando las jugadoras. La misma costumbre ha determinado como condiciones de producción de los actos corporales femeninos los contextos privados y prohibido los contextos públicos en los cuales encaja el deporte. De ahí ideales como la madre asexuada o la seductora fantasmal/fatal que acompaña al campeón. 

Entonces ¿dónde situar a las campeonas? Las jugadoras están ya instaladas en los mejores estadios del mundo, ofreciendo ante la mirada pública actos de afirmación personal que muestra su trabajo decidido sobre los limites del cuerpo (entrenamiento, concentración, fogueo). 

Las imágenes extraordinarias de una afirmación por la maestría técnica y el dominio del juego contra toda costumbre anterior, exigen ser descodificadas bajo otro régimen cognitivo. Tales imágenes están ya instaladas e integradas como material en la memoria colectiva de los anales de hazañas escritas con el cuerpo mediante el fútbol. Otra lectura de la Copa aportara nuevos conocimientos al fútbol que conocemos. 

En conclusión, es necesario examinar el marco organizacional que determina las relaciones de trabajo de las futbolistas, personal técnico y oficiales. Para negociar sus condiciones se necesitan interlocutores dispuestos a ver de otra manera su aporte al fútbol. Y ante todo necesitamos parámetros para integrar el saber aportado por ellas a las narraciones textuales, visuales y comportamentales del juego. El tsunami cultural legado por la Copa 2019 al mundo tiene un alcance que resuena en un slogan francés de 1968: “No puede volver a cerrar los ojos quien una vez los abrió”.

O FUTEBOL JOGADO POR MULHERES ENTRE O MARKETING, AS INDIVIDUALIDADES E A AUTONOMIA

Marina de Mattos Dantas

Psicóloga. Doutora em Ciências Sociais –com ênfase em política– pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Brasil) e pós-doutoranda em Estudos do Lazer na Universidade Federal de Minas Gerais. Mail: marinamattos@gmail.com

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Já há algum tempo que impor diretamente ao consumidor final a compra de um produto não é considerada a melhor das estratégias de marketing. Atualmente, é crescente o investimento de empresas em criar relações de suas marcas com os consumidores, vender estilos de vida personificados para clientes e fidelizá-los por meio da identificação. Em suma, as estratégias de marketing mais recentes vêm priorizando a criação de “laços” com o consumidor.

Essa lógica não se aplica apenas às grandes corporações, mas se estende às micro-organizações e também aos trabalhadores empreendedores (de si) cujas marcas se confundem com a própria pessoa no que costuma se chamar de imagem. Principalmente em relação às pessoas que adquirem certa projeção midiática massificada –as consideradas famosas–, o trabalho não se constitui como único elemento de reconhecimento de si como marca, mas também todo um conjunto de condutas, atitudes que concorrem para que o valor econômico de sua imagem seja maior ou menor.

Nesse contexto, a fidedignidade e coerência dos posicionamentos de uma pessoa famosa em prol de causas sociais, por vezes, é colocada em xeque por seu heterogêneo público. Afinal, o que demarcaria os limites entre um posicionamento social autêntico e um posicionamento de marca simulado? 

Na experiência recente da Copa do Mundo de Futebol Feminino 2019 foi possível notar a Seleção Brasileira nessa berlinda, em especial pela projeção de suas patrocinadoras e pelas escolhas da jogadora Marta diante das ofertas de patrocínio recebidas –ao menos as que se tornaram conhecidas publicamente.

Para quem pouco acompanha o futebol jogado por mulheres, nesta edição da Copa, Marta transformou-se facilmente em ícone da luta por condições equânimes para as mulheres no futebol no Brasil. No entanto, nas manifestações de algumas pessoas que acompanham o futebol feminino mais amiúde (jornalistas, pesquisadoras, torcedoras) vários estranhamentos, em relação às falas e campanhas empreendidas pela jogadora, surgiram.

Algumas dessas manifestações de desconfiança em relação à fidedignidade e coerência de posicionamentos de empresas e atletas emergiram nas mídias sociais em ao menos dois momentos durante a participação da Seleção Brasileira na Copa. Em um primeiro momento, Guaraná Antártica e Nike apostaram em propagandas provocativas, no sentido de desvelar estereótipos de gênero e pontuar desiguais oportunidades dadas a homens e mulheres desde o início da prática do futebol até uma (nem sempre) possível profissionalização. No segundo momento, Marta assumiu o protagonismo esperado de uma jogadora de sua magnitude e “abraçou” a causa da qual ela própria é produto – uma mulher que emergiu e se consagrou como a melhor jogadora do mundo apesar dos pesares e que, por sua autoridade como atleta, foi escolhida pela ONU Mulheres como embaixadora da boa vontade para mulheres e meninas no esporte em 2018.

Na recusa de receber menos que os homens da modalidade, Marta não aceitou estampar marcas de chuteira em seus pés na Copa 2019, optando, na segunda partida da competição, por dar visibilidade ao Go Equal, recente campanha pela equidade de gênero no esporte que tem a própria jogadora como principal propagadora da causa. Nas partidas seguintes, além das chuteiras, Marta apareceu em campo com batons de cores fortes, algo não tão comum em sua história. Vale ressaltar que a ideia do batom foi iniciativa da empresa Avon que lançará em breve os produtos utilizados pela atleta nas partidas.

Em outra oportunidade, levantei essa relação da responsabilidade social como publicidade e seus limites (Dantas, 2017). Para além da questão da autenticidade dos posicionamentos públicos de Marta, está o desafio das atletas nessa busca por visibilidade e valorização – não somente econômica – da modalidade. Entre tornar uma causa visível e produzir comportamentos vendáveis, a jogadora encerrou sua participação na Copa fazendo um apelo às jogadoras que sonham um dia estar na Seleção:

É um momento especial e a gente tem que aproveitar. Digo isso no sentido de valorizar mais. Valorize! A gente pede tanto, pede apoio, mas a gente também precisa valorizar. A gente está sorrindo aqui e acho que é esse o primordial, ter que chorar no começo para sorrir no fim. Quando digo isso é querer mais, treinar mais, estar pronta para jogar 90 e mais 30 minutos e mais quantos minutos forem necessários. É isso que peço para as meninas. Não vai ter uma Formiga para sempre, uma Marta, uma Cristiane. O futebol feminino depende de vocês para sobreviver. Pensem nisso, valorizem mais. Chorem no começo para sorrir no fim”.

Após a eliminação nas oitavas-de-final para a Seleção Francesa, emocionada, a atleta clamou para que cada jogadora dê o seu máximo na busca de seus sonhos, reproduzindo um discurso meritocrático que atribuiu muito peso ao esforço individual das atletas, mas que não questionou as condições oferecidas pelos responsáveis pela organização da modalidade para que seja possível “sorrir no fim”. Embora Marta tenha chamado a atenção para a finitude de Formiga, de Cristiane e para a própria, suas escolhas na Copa –não podemos mensurar até que ponto mais ou menos conscientes–, apontam mais para uma valorização de individualidades do que para uma pressão aos organizadores do espetáculo por condições melhores de jogo para que as mulheres se desenvolvam como sujeitas no esporte e não sujeitadas ao esporte.

O incômodo de alguns que veem o iceberg na sua profundidade –as pessoas mais próximas à realidade do futebol feminino no Brasil– causa desconforto aos que se entendem os efeitos mercadológicos da visibilidade do topo como um primeiro passo rumo à valorização da modalidade. Mas, independentemente do posicionamento de cada um no “espectro político” do futebol feminino, é preciso enfrentar que se faz necessário mais que méritos pessoais, individuais e intransferíveis para se alicerçar uma modalidade esportiva. É preciso também mexer nessas bases organizacionais que produzem as subjetividades jogadoras, eminentemente empresariais. 

Não há como negar que ainda que por motivos de posicionamento de marca, a voz das das atletas que estão no auge são, sim, importantes e cabe a cada uma pensar de que forma usam as suas imagens e no que querem com isso –se não pensarem, alguém pensará por elas. O marketing ativista pode, sim, trazer a tão sonhada visibilidade para o futebol de mulheres, mas gerar valor não é sinônimo de gerar respeito. Por vezes, o valor econômico também pacifica as lutas, dificultando as mulheres no enfrentamento cotidiano por equidade de tratamento nas relações de trabalho e em outros espaços. O enfrentamento das mulheres é também contra um marketing do qual elas precisam para sobreviver na modalidade, mas que não podem ser “enlaçadas” pelas amarras que as marcas que estampam querem criar com seus consumidores. É preciso mais do que mulheres caladas (até que lhes autorizem a palavra), bem remuneradas, chorando resilientes enquanto constroem suas jornadas de heroínas. É preciso mais do que produzir discursos que vendem para que, a longo prazo, o futebol de mulheres encontre o seu devido respeito e a sua devida autonomia.

Referências

Dantas, M. D. (2017). O futebol entre a responsabilidade social e as ações publicitárias. Ludopédio, 98. Recuperado de: https://www.ludopedio.com.br/arquibancada/o-futebol-entre-responsabilidade-social-e-as-acoes-publicitarias/?doing_wp_cron=1561834370.1493580341339111328125 (consultado el 29 de junio de 2019).

Kestelman, A. (23 junio de 2019). Emocionada, Marta dá recado a a jogadoras mais novas: “O futebol feminino depende de vocês”. Globo Esporte. Recuperado de: https://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo-feminina/noticia/emocionada-marta-lamenta-eliminacao-e-da-recado-a-novas-jogadoras-o-futebol-feminino-depende-de-voces.ghtml (consultado el 25 de junio de 2019).

LA SELECCIÓN FEMENIL DE MÉXICO QUE PERDIÓ SU “MOMENTO DE BRILLAR”

Olga Trujillo

Periodista y responsable del portal “Diosas Olímpicas”, dedicado al deporte femenino. Twitter: @diosasolimpicas

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Es el momento de brillar. La Copa Mundial Femenina de Fútbol de Francia 2019 será recordada por las múltiples protestas –colectivas e individuales– que distintos conjuntos femeniles (y figuras) llevaron a cabo previo a la justa y ante distintas autoridades. Países como Estados Unidos, Noruega, Sudáfrica, España, Dinamarca, Australia, Brasil, Argentina, Irlanda o Nueva Zelanda, reclamaron la falta de equidad salarial y/o laboral en su ámbito y con respecto al trato con sus similares dentro del fútbol.

Para muchos de esos conjuntos nacionales, la recompensa llegó. En el intento por levantar el perfil de la competencia femenina, pareciera que FIFA (sobre todo) finalmente dobló las manos. Pero FIFA tiene una imagen tóxica. En octubre del año pasado, dentro de su Consejo, se hicieron sonar las campanas tras anunciar que duplicaría el monto de premios para el Mundial Femenil: Una aprobación de $30 millones de dólares para las 24 selecciones participantes, en lugar de los $15 MDD que se otorgaron en la edición anterior (Canadá 2015). “Hasta que sus acciones se alineen con sus palabras, no será un acuerdo sincero”, reaccionó la ex arquera de Estados Unidos, Hope Solo, pues la recompensa FIFA iba aún más allá: $20 MDD extra para los preparativos del Mundial (el total llegó a los $50 MDD). Además, por primera vez, los clubes serán recompensados si sus jugadoras participan en el torneo, tal como sucede con la edición masculina.

El “Programa de Ayudas a Clubes de la Copa Mundial Femenina” es el documento donde se desglosan los beneficios prometidos a los equipos que han ofrecido “entornos de alto rendimiento” a las jugadoras participantes en la Copa Mundial, los cuales –para FIFA– “merecen una recompensa por poner a disposición de las futbolistas los medios para un desarrollo profesional en sus trayectorias. En este sentido, se pagarán recompensas económicas a las federaciones miembro para que las hagan llegar a sus Clubes afiliados que han contribuido al éxito del torneo”.

En esta primera edición de dicho Programa de Ayudas, que a su vez intenta garantizar que la financiación no se concentre en una región sino que su alcance sea global, FIFA, pone los billetes en la mesa y reglas claras: “Se distribuirá entre los clubes la cantidad total de $8.5 MDD, sujetas a impuestos y deducciones”.

MÉXICO NO BRILLÓ

Hasta aquí, todo parece marcharle al fútbol femenil. El deporte más popular del mundo le abre por primera vez las puertas de las recompensas; sin embargo, la mala noticia para México es que, justo después de la lucha, los reclamos y la atención mediática hacia la disciplina practicada por mujeres rindiera frutos, la selección nacional no clasificó y se abrió un capítulo. Parte del principio para la recompensa que otorga FIFA a los clubes, es justamente la formación, un tema que ha dejado cuentas pendientes en este país desde que inició la Liga Mx Femenil.

El recuento tiene aristas: El boleto debía conseguirse durante la Copa Oro que se celebró en 2018. México pertenecía al Grupo A junto a Trinidad y Tobago, Panamá y Estados Unidos. Necesitaba conseguir nueve puntos, pero sólo logró tres. Venció 4-0 a Trinidad y Tobago, pero perdió ante las actuales campeonas mundialistas de Estados Unidos (6-0) y ¡ante Panamá! (2-0), algo que aún le pesa a fieles seguidores.

Después de años de luchas de mujeres en el campo, como María Eugenia ‘Peque’ Rubio, Alicia ‘La Pelé’ Vargas, Maribel Domínguez, Andrea Rodebaugh o Charlyn Corral (por ejemplo), el auge del futbol femenil parecía haber llegado, por fin, a subirse a las coberturas mediáticas y más después de la creación de la Liga Mx Femenil en julio del 2017.

Nadie calculó que si México –una de las mejores selecciones de CONCACAF– había participado en el Mundial de Canadá 2015 mientras estuvo en uno de sus mejores posicionamientos del ranking FIFA (26), así como en la Copa de Alemania 2011 (posición 21) y la Copa en Estados Unidos 1999 (aún sin figurar en la tabla), se quedara fuera de Francia 2019. 

Pero las lecciones deben ser aprendidas. Y si México no asistió al Mundial, los supuestos parecen sobrar aunque un ejercicio hipotético recae en las promesas de la FIFA para la formación: ¿Qué habría sido de aquellos clubes amateurs y pioneros que con recursos propios se han dedicado a entrenar niñas futbolistas como Andrea Soccer, por donde pasó Charlyn Corral, o Club Laguna, donde se formó Cecilia Santiago, que hoy siguen aportando jugadoras a los equipos de la Liga Mx Femenil? Es importante señalar que la Liga se formó a vapor, en seis o siete meses. Fueron esos pequeños clubes y esfuerzos aislados de donde se sacó a la mayoría de las jugadoras y nadie dijo nada sobre derechos de formación. Ni de los precarios sueldos de los que se hablaban en un principio para las futbolistas de la mayoría de los clubes ($70 pesos por día), ni del acoso y ofrecimiento de tenis, playeras y otros accesorios deportivos para convencerlas hasta por Facebook para decidirse por un equipo.

A México le queda claro que se perdió una oportunidad de oro. Que si en cuatro años, con o sin las jugadoras que hoy son referentes llega al siguiente Mundial y la FIFA mantiene los apoyos económicos, tendrá que poner sí o sí el tema sobre la mesa y aquellos formadores tendrán que entrar a la escena. Entonces sí, será su “momento de brillar”.

LA SELECCIÓN CHILENA FEMENINA EN MASCULINO

Carolina Cabello Escudero

Socióloga (Universidad de Valparaíso, Chile). Investigadora del Centro de Estudios Socioculturales del Deporte (CESDE). Integrante de la Red Chilena de Estudios Sociales del Deporte. Comentarista deportiva del programa Charla Técnica de la radio Valentín Letelier de la Universidad de Valparaíso y presentadora radial del programa Wanderers FM de radio Ritoque. Dirigenta deportiva y futbolista amateur. Mail: carolinapaz.cabello@gmail.com

Vicente López Magnet

Estudiante Patrocinado COES. Magíster en Sociología PUC, Chile. Mail: vjlopez2@uc.cl

Carlos Vergara Constela

Club Deportivo Villa Berlín. Sociólogo (Universidad de Valparaíso, Chile). Máster en Estudios Territoriales y de la Población por la Universitat Autónoma de Barcelona, España. Doctorando en Geografía por la Pontificia Universidad Católica. Investigador del CESDE. Mail: cdvc87@gmail.com

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El pasado jueves 20 de junio la selección chilena femenina puso término a su primera participación histórica en un Mundial de Fútbol organizado por la FIFA. Un camino largo que ha estado repleto de impedimentos y obstáculos en su desarrollo, pero que culmina con todo un país vibrando y sintiendo a la selección como un producto nacional. Pero ¿hacia dónde se dirige el fútbol femenino? ¿Es posible proyectar un fútbol feminista? ¿Cómo han trabajado la cobertura del fútbol femenino los medios de comunicación chilenos? ¿La publicidad ha sido sexista? ¿Qué nos están transmitiendo los distintos lenguajes comunicacionales de los medios?

Pitazo inicial, partamos deconstruyendo mitos: el origen

El fútbol femenino en Chile no surge con esta generación histórica que logró clasificar a un Mundial y a los Juegos Olímpicos de Tokio 2020. Tampoco surge el año 1991 tras respaldo de la FIFA al organizar la primera Copa del Mundo Femenina, ni el 1971 cuando se levanta la prohibición de tener divisiones femeninas a federaciones y clubes afiliados al ente máximo. Sino que su origen data de al menos un siglo antes.

En la historia del fútbol femenino mundial son las British Ladies Football Club el primer equipo de mujeres. Conformadas en 1895, disputaron más de 160 partidos en sólo dos años con promedios de 10 mil personas en las gradas. Esto, a pesar de la constante humillación que les confrontaba la prensa de la época, quienes destrozaban cada una de sus participaciones, refiriéndose a su apariencia, a sus técnicas y a lo poco femeninas que se veían las mujeres. Pero nunca se refirieron a su experiencia femenina, al cómo era jugar fútbol en cuerpo de mujer. Esa es una memoria silenciada, una memoria suelta, que carece de relato en grupos sociales.  

En Chile, Brenda Elsey y Joshua Nadel (2018) han larvado una exhaustiva trayectoria de investigación para desenterrar la historia del fútbol femenino y nos señalan que ya en 1927 se crea la Asociación de deporte femenino en Valparaíso, y se organizan las primeras ligas de fútbol exclusivas de mujeres. A la par, en el puerto de Coquimbo y en otras ciudades intermedias como Talca ya existían equipos de fútbol conformados por mujeres, con sus propias orgánicas y competiciones.

Sin embargo, el boicot de la FIFA se extendería por todo el continente: en algunos países de manera más formal como en Brasil, donde en 1941 se prohíbe la práctica del fútbol femenino; y en otros como en Chile, en donde el silencio y la invisibilización fueron el arma de lucha del desarrollo masculinizado de un naciente fútbol rentado. Las políticas públicas deportivas y educacionales naturalizaron las diferencias de género, promoviendo una educación sexista y segregada, sobretodo en el desarrollo de la educación física, desde donde la masculinidad imperante enseñaba a las mujeres cómo mover sus cuerpos (Elsey, 2013).

En la reproducción de estereotipos y en el silencio tomado frente a experiencias que rompen con los mismos, la prensa sin duda que ha tenido un rol fundamental para transmitir discursos, representaciones e imaginarios que fueron dando forma a la estructura y a la cultura del fútbol nacional. Revistas como Los Sports promovían que las mujeres debían practicar deporte en sus hogares y no en público. De la misma manera, no dudaban en señalar que la práctica femenina del deporte fomentaba el lesbianismo, transmitiendo mensajes homofóbicos al colocar en duda la femineidad de las deportistas. 

En aquellos años, el fútbol en Chile comenzaba a consagrarse como un espacio de mediación simbólica y disputa política entre varones, por lo que se hacía pertinente restringir al máximo el fútbol femenino. Aunque en el período de radicalización social previa dictadura se advirtió una nueva avanzada del fútbol femenino, el “golpe” le dio un giro neoconservador. De esta manera, varias décadas después podemos señalar que el fútbol chileno se ha construido históricamente como un espacio masculinizado, desde donde se ha condicionado la participación de la mujer a la interpretación del hombre. Son ellos quienes a través de grandes estructuras de gobernanza como la FIFA o la ANFP deciden qué es bueno o apropiado para las mujeres. Son ellos, quienes a través de la producción cultural han impuesto “códigos”, “mitos” y formas de relacionarse entre los distintos estamentos que se permiten dentro de aquella estructura masculina, que no da espacios para la libertad femenina.  

Sigamos con los mitos. La histórica selección chilena no es la pionera en el fútbol femenino. Pero sí es pionera en articular al mercado…  ¡Jueguen! 

Paternalismo, mercado y exitismo en una arquera de clase mundial

En el contexto descrito, emerge descollante una figura como Christiane Endler, capitana, arquera y máxima figura del plantel que disputó el mundial en Francia. La fiebre mundialera ha llevado a que a diario nos toque verla promocionando diversos bienes, servicios y corporaciones: en la calle, en el transporte público, en redes sociales, televisión, diarios y radio. Empresas de rubros en principio tan disímiles como la salud genital, la telefonía y la banca, tienen como rostro de sus franjas publicitarias a una “Tiane” que ha maravillado por su liderazgo y actuaciones dentro de la cancha, y ha encendido la polémica entre los comentaristas al declarar sus afinidades políticas con la centro derecha, al tiempo que comparte y apoya demandas generales propias del movimiento de mujeres.  Ahora, más que querer hacer un juicio sobre las posiciones de Endler (no somos quiénes para decirle qué hacer, sentir y pensar), nos importa más bien juzgar cómo y desde dónde se la posiciona, y cómo se narra una historia de la selección femenina y se la encarna en su máxima líder. 

Para ello, es especialmente importante poner atención a la idea de Castoriadis (2013) de que, en la fase histórica del capitalismo avanzado, el consumo se ha consagrado como estrategia para la producción de nuestras vidas. Según el autor, el consumo asciende en el tiempo actual como núcleo de significación imaginaria, que atraviesa y sobre el que se articulan el sentido y la inteligibilidad de la experiencia social. Asimismo, a partir de dicho núcleo imaginario de significados se despliegan segundas significaciones imaginarias. En nuestro caso, la definición de un nacionalismo de mercado (Santa Cruz, 2003; 2012; 2014), identificado con el hincha de La Roja masculina, cae de cajón como tal.

Siguiendo a Castoriadis y Santa Cruz, la máxima líder de una escuadra deportiva no solamente es una representante legítima de la nación, sino también una voz y rostro legítimo para decir qué servicios debemos preferir para estar conectados con el mundo más allá de lo copresencial (a pesar de que dicha empresa no sea capaz siquiera de reconocer las diferencias reales de tamaño a su favor que tiene con el goleador histórico de la Roja masculina), es un referente nacional cuyo liderazgo es tan transversal que constituye un argumento suficiente para resolver las contradicciones machistas presentes incluso en un grupo de niños, y es también una historia de mensual superación de los problemas que el ciclo menstrual representa a las mujeres a la hora de practicar deporte y “ser mejor cada día”. 

En la publicidad y hacia la construcción de una idea de nación, “Tiane” es producida en un estatus de semidiosa, si es que no derechamente de deidad: sabe cómo trascender adecuadamente las fronteras de lo físico, resuelve la discriminación a los roles de género, y para las mujeres, representa una apuesta segura y confiable para alejar del azar el cuidado de los órganos sexuales y reproductivos. Es, en último término, la representación de un liderazgo femenino deseable, autovalente, necesario y demostradamente exitoso. Más aún cuando su posición política no pone en jaque el orden social en términos generales.

¿Y la bullada profesionalización?

La lucha por las reivindicaciones, por más justas y sentidas que sean, resulta una política subordinada y de las subordinaciones, porque se sustenta en lo que resulta justo según una realidad proyectada, sostenida y reproducida por otros, hombres, y porque adopta evidentemente sus formas políticas.

En términos culturales, la reproducción sexista de estereotipos de la prensa haciendo ha hecho alusión sólo a puntos de referencia masculinos (el palo, porque no tenemos nada lo queremos todo y otros). Este Mundial ha permitido ver que las mujeres pueden enmarcarse dentro de la narración la nación futbolera. Más que por reconocer el trazado de un camino propio, por interpretar sus vaivenes futbolísticos dentro de la mitología masculina. Su épica clasificación y su trágica eliminación, articuladas en el “no tenían nada pero lo lograron todo”; y en la pérdida de un penal en los últimos minutos de juego (una suerte de combinación entre Caszely y Pinilla), le permitieron un “bautizo” como “chilenas” bajo los semblantes de nuestra cultura futbolera.  

Luego de la eliminación chilena y un cierto reconocimiento de su práctica, se levantaron las banderas de la profesionalización desde varios espacios, aunque han quedado subordinados a la participación de la selección masculina en la Copa América de Brasil. Pero, ¿qué profesionalización se propone para el fútbol femenino? ¿Qué actorías sociales están en pugna? ¿Qué pueden otorgarle las sociedades anónimas? Sueldos decentes, seguros médicos e implementación parecen ser costos operacionales de segundo o tercer orden. La única vía por la que apuestan las gerenciadoras es asumir profesionalización como mercantilización. Es decir, que la cosificación, el fetiche y las ventas producto del consumo puedan otorgar un plusvalor a ser reinvertido en mejoras para el fútbol femenino. Sin embargo, aquello es volátil: no se aprecia una voluntad desde la plana de dirigentes para transitar hacia un cambio estructural. Es más, cada “mejora” puede ser realizada mediante la invocación del “estamos trabajando para emparejar la cancha”.

En definitiva, la salud del fútbol en Chile es tan mala que cualquier dosis de feminismo, aunque sea baja, esporádica y de cualquier tipo, resulta oxígeno puro. No se trata de atacar al fútbol masculino por ser masculino, como insisten algunos comentaristas deportivos. Se trata que, aunque no lo digamos, aunque nos lo guardemos, nuestros puntos cardinales son patriarcales y sexistas. Ejemplo puro es no saber cómo eliminar el calificativo “maricón” ante «cualquier ausencia de hombría» en el desempeño de quien juega ¡El emparejamiento también es subjetivo!

Nos parece que es importante visibilizar la diferencia sexual femenina a través de las experiencias de mujeres y el lenguaje. Para ello, son necesarios medios de comunicaciones no convencionales y feministas que difundan el relato futbolero femenino, facilitando así la articulación de un orden simbólico alternativo que legitime a la mujer y su cultura deportiva como sujeto de sus propias experiencias. La experiencia femenina no se puede medir, ni tampoco comparar con las masculinas, puesto que tienen su razón de ser en sí mismas. Así tal vez algún día podamos respondernos ¿Qué es ser futbolista desde el ser femenino?

Bibliografía

Castoriadis, C. (2013). La institución imaginaria de la sociedad. Barcelona, España: Tusquets Editores S.A.

Elsey, B. (2013). Citizen and Sportsmen. Texas, estados Unidos: University of Texas Press.

Elsey, B. y Nadel, J. (2018). La lucha histórica de las mujeres en el fútbol. Recuperado de: https://20.theclinic.cl/2018/11/15/la-lucha-historica-de-las-mujeres-en-el-futbol/

Santa Cruz, E. (2003). Fútbol y nacionalismo de mercado en el Chile actual. En P. Alabarces & C. A. Máximo Pimenta (Eds.), Futbologías: fútbol, identidad y violencia en América Latina (1. ed, pp. 189-224). Buenos Aires, Argentina: Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales : Agencia Sueca de Desarrollo Internacional.

Santa Cruz, E. (2012). Fútbol e Identidad en Chile: las transmisiones televisivas. Revista de ALESDE, 2(1), p. 4–16.Santa Cruz, E. (2014). Fútbol mediatizado y globalización: de expresión socio-cultural a marca registrada. En C. Vergara & E. Valenzuela (Eds.), Todo es cancha: análisis y perspectivas socioculturales del fútbol latinoamericano. Santiago, Chile: Editorial Cuarto Propio, (1a ed, p. 103-118).

EL PAÍS DEL FÚTBOL TAMBIÉN ES DE LAS MUJERES: DE LA LÓGICA DEL MERCADO AL ACTIVISMO FEMINISTA EN LA COBERTURA DE LA COPA DEL MUNDO DE 2019

Mariana Zuaneti Martins

GRUPA/UFES, Brasil.

Heloisa Helean Baldy dos Reis

GEF/UNICAMP, Brasil. Mail: heloreis14@gmail.com

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Menino riscou o nome de Neymar da camisa e colocou o de Marta
(Foto: Bruna Muraro), retirada do site do globoesporte.com

La Copa del mundo 2019 ha estado en el camino de las posibilidades inéditas para el fútbol de mujeres en Brasil. Por primera vez, la emisora de televisión más grande transmitirá los juegos de la selección. Tal visibilidad ya se ha experimentado en otras ocasiones, como en los Juegos Olímpicos de 2016. Ese año, la mala actuación de la selección de hombres, al comienzo del torneo, transfirió el centro de atención a las mujeres. La atención de los medios de comunicación era bastante inusual, no se veía, incluso, en otras ocasiones cuando la selección de las mujeres obtuvo sus mejores resultados, como en los Juegos Olímpicos de 2004 y 2008, dos oportunidades en las que ella fue vice-campeona.

Una imagen que marcó este evento fue la fotografía de un chico con una camisa del equipo nacional brasileño con el nombre del jugador Neymar tachado. Por encima de su nombre, escrito a mano, incluso, de manera artesanal, era el nombre de Marta. Sin embargo, esta excitación de la multitud no repercutió perfectamente en el campo, por lo que las mujeres brasileñas conquistaron sólo el cuarto lugar en la competición, perdiendo la tercera disputa en un juego muy cálido.

De 2016 a hoy, algunas cosas han cambiado, pero desafortunadamente para continuar de la forma en que siempre han sido, de acuerdo con la famosa cita de «El Leopardo» por Tomasi di Lampedusa. La selección brasileña fue liderada por una entrenadora, Emily Lima, quien reemplazó al entonces entrenador Vadão, después de los Juegos Olímpicos. Emily, sin embargo, permaneció menos de un año en el cargo, contradiciendo lo que había sucedido a los otros entrenadores. La justificación oficial fue el mal desempeño de la selección en amistosos. Sin embargo, en los vestidores, la divergencia parecía reflejar en sus decisiones del calendario del juego y la escalada de nuevas jugadoras. En su lugar, asumió nuevamente Vadão, quien ordena la selección en esta Copa del mundo. Inédito en la salida de la entonces entrenadora, fue la manifestación de las atletas de la selección, en una carta dirigida al Presidente de la CBF pidiendo que Emily se mantenga al menos en el ciclo olímpico. Después de confirmar su renuncia, muchas atletas manifestaron la decisión de retirarse de la selección, como Cristiane. Sin embargo, aventurándose la Copa, observamos que estas mismas jugadoras regresaron a la selección, y que poca atención fue destinada por los medios de comunicación a la protesta, aunque se trataba de un momento puntual-y bien espaciados en el fútbol, ya sea de hombres o de mujeres-en el que los atletas intentan participar en la definición de sus direcciones.

Aunque la atención de los medios de comunicación a la Copa del mundo es reciente en Brasil, desde la década de 1990, hay intentos de transformar el fútbol de las mujeres en un producto comercializable y atraer la atención del público. La revista Placar fue emblemática, transformando su línea editorial en el tema. Si al comienzo de la década, las pocas noticias que tratan sobre el fútbol de mujeres se refieren a la crítica de malos desempeños en el campo, desde 1995 en adelante, estas noticias de la selección fueron reemplazadas por modelos vestidas de jugadores (Salvani; Marchi Junior, 2013). Entre algunas notas de denuncia de las malas condiciones de profesionalización, el tono de los informes era la sensualidad del cuerpo femenino y la confirmación de la inferioridad de su desempeño. Lo que percibimos, a partir de esto, es que la Placar pretendía promover el fútbol de mujeres al público masculino. Esta conclusión pone luz a la falta de reconocimiento de la modalidad y de fomentar la participación de las mujeres en ella.

Mariana Martins

En 2011, la FIFA inició una campaña para promocionar el deporte, titulado “Live your goals”. El objetivo era suscitar la modalidad para las mujeres, con el fin de insertar el fútbol en su vida cotidiana, ya sea como practicante o como espectadora. A pesar de todas las resistencias, el mensaje de la FIFA fue que la expansión del fútbol estaba en el límite si seguía siendo un mercado puramente masculino. En otras palabras, el aumento de la participación de las mujeres era una estrategia para aumentar los dominios mundiales y mercantiles de la FIFA. En esta caminadora, en el último año, presenciamos varios registros públicos relacionados con el fútbol femenino en el mundo, lo que dio a la Copa grandes expectativas. Estas iniciativas están vinculadas a la reciente obligación de los clubes de tener equipos femeninos, afirmando que la razón por la que la modalidad no crece no es la falta de interés del público, sino de los propios dirigentes. Nike ha promovido recientemente campañas de fútbol femenino, entre ellas, con un comercial con una chica viéndose con jugadoras, entrenadoras y árbitras, con el lema “no cambies tu sueño, cambia el mundo”. En Brasil, sin embargo, por primera vez llegó el álbum de tarjetas de la Copa de las mujeres. La editorial Panini lo lanzó junto con la Copa América. Aunque la visibilidad de ambos no se acercó a lo que ocurrió en 2018, lo que impresionó fue la rápida retirada de circulación del álbum femenino. Antes de que comenzara la Copa, varios quioscos ya lo habían devuelto. Este evento demuestra cómo la dinámica de reconocimiento y visibilidad está impregnada por la inflexión, que son más dinámicas y ambiguas, en la medida en que son atravesadas por el mercado, de modo que, si no “venden”, retrocede.

Helena Baldy dos Reis, Pionera del Fútbol de Brasil.

Por último, las ambigüedades, pero, sobre todo, las resistencias cruzan los medios de comunicación también. Internet, que disminuye el abismo entre el productor y el consumidor de los medios de comunicación, ha permitido democratizar el proceso de producción de información y difusión de discursos e imágenes. La consecuencia es que, tanto como la gran prensa contribuye a la invisibilización y devaluación del fútbol de mujeres, nos topamos con una serie de coberturas “alternativas” que han transportado de fútbol femenino (por Twitter, Instagram, sitios web, podcasts y otros). En consecuencia, vemos emerger una escena activista ligada a la modalidad, que propone no sólo narrar y opinar sobre hechos, licitaciones y tácticas, sino para luchar por el desarrollo y el reconocimiento de las mujeres en el fútbol. Estas organizaciones activistas están contribuyendo a constituir redes de apoyo para el fútbol femenino, algo que puede promover dinámicas más autónomas de reconocimiento al mercado y luchar por la democratización de la modalidad y, tal vez, ¡el mundo!

ENTRE MUJERES BARRA BRAVA, FEMINISTAS Y ANTIFASCISTAS EN LOS BARRIOS POPULARES DE BOGOTÁ. EL CASO DEL COLECTIVO FEMINISTA Y FUTBOLERO FÚTBOLA

Alejandro Villanueva Bustos

Docente e investigador Universidad Pedagógica Nacional (Colombia), Magíster en Sociología, Doctorando en Ciencias del Deporte, Fundador del Grupo de Estudios Sociales del Deporte, Departamento de Sociología Universidad Nacional de Colombia. Mail: avillanuevabustos@gmail.com. El autor agradece especialmente a Camilo Andrés Higinio Cuellar y a Miryam Andrea Ordoñez Pinzón, luchadores y líderes sociales urbanos feministas y antifascistas en los barrios históricamente excluidos de la ciudad de Bogotá, Colombia.

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Mucho se ha estudiado en Colombia, el fenómeno cultural, estético, deportivo y social de las barras bravas. Varios estados del arte dan cuenta de más de 200 trabajos de grado correspondientes en un 90% de tesis para optar a títulos profesionales, y el restante 10% perteneciente a documentos relacionados con títulos de maestría y doctorado; por lo tanto no cabe duda que la academia se ha venido interesando en este tipo de temáticas durante las últimas dos décadas.

Resulta también paradójico, que al hacer la revisión de toda la documentación científica se comprueba una escasez de trabajos en donde se haga referencia a estudios de género o investigaciones con enfoque de género, reforzando lo dicho por la antropóloga argentina Verónica Moreira: “investigar el fenómeno de las barras bravas, es también evidenciar que son los machos investigando asuntos de machos”. Lo mencionado anteriormente nos muestran que trabajar etnográficamente estas temáticas relacionadas con las hinchadas de fútbol, supone un campo abierto y fértil para futuros trabajos o investigaciones académicas cualitativas y cuantitativas.

El objetivo fundamental de este escrito no es simplemente hablar de lo que se ha investigado o no en el ámbito de los estudios sociales del fútbol y del deporte. Estas letras buscan comunicar y socializar lo que ha venido haciendo un importante grupo de mujeres futboleras (o tal vez futbolizadas): se trata del colectivo bogotano Fútbola, mujeres y chicas habitantes de barrios obreros o populares de Bogotá, quienes desde hace casi diez años vienen reivindicando el rol y el papel de las mujeres como hinchas, fanáticas y miembros de barras bravas integradas únicamente por mujeres. Es decir que, dentro de sus múltiples y variadas reivindicaciones, han desarrollado estrategias comunitarias para vencer el machismo y el patriarcado enquistado en la tradicionalista sociedad colombiana, y también en sus formas de comprender, vivir y sentir al fútbol como un proceso identitario de lo que significa un proyecto de nación.

En el año 2005 nace en Bogotá el colectivo femenino, futbolero, antifascista y feminista Fútbola, como un proyecto comunitario, el cual buscaba reivindicar el rol de las jóvenes mujeres que asistían a los partidos de fútbol del Club Deportivo Millonarios. Históricamente las chicas habían sido víctimas de prácticas sexistas, machistas y patriarcales por parte de los grupos de fanáticos o hinchas que ya estaban consolidados como colectivos organizados de barras bravas; no sólo se trataba de violencia simbólica, verbal, física, económica o de género en contra de las mujeres que asistían a los espectáculos de fútbol y a distintas reuniones coordinadas por los líderes de las principales barras de aficionadas al equipo azul de la capital de la república de Colombia.

En este sentido, de manera comunitaria, las mujeres y chicas aun pertenecientes a distintas aficiones de equipos del fútbol profesional colombiano comenzaron a integrarse al colectivo Fútbola, inicialmente para buscar refugio, comprensión, ayuda, y sobre todo en búsqueda de formación política para enfrentar las distintas violencias de las que han sido víctimas durante varios años. Es importante destacar que la primera acción de empoderamiento fue jugar al fútbol, organizar campeonatos, entrenar de manera disciplinada, diseñar sus propios uniformes y gestionar múltiples actividades para poder socializar y de esta manera desarrollar espacios en donde sea posible el diálogo político entre mujeres para su posterior empoderamiento.

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Escudo del colectivo feminista y antifascista Fútbola. Crédito: Miryim Ordoñez.

Aunque no ha sido fácil el transcurrir de los últimos quince años, hoy el colectivo Fútbola, se consolida como uno de los proyectos feministas, socioculturales, de formación política y antipatriarcales con mayor proyección en la ciudad de Bogotá, no sólo por su insistencia en la reivindicación política de las mujeres que aman el fútbol y sienten gran afición por los clubes de la capital de Colombia, sino por su resiliencia frente a profundo y ahincado tradicionalismo de la afición futbolística en un país que prefiere la guerra y la violencia, a la paz y la armonía entre sus ciudadanas y ciudadanos.

A manera de conclusión, reflexionar sobre el deporte y en específico sobre el fútbol como hecho sociocultural total, supone en estos tiempos marcados por los grandes megaeventos deportivos instaurados cada dos años, dilucidar, pensar o analizar las dinámicas sociales, no sólo sobre las jugadoras pertenecientes a los seleccionados de fútbol quienes están disputando el Mundial Femenino de Fútbol en Francia 2019, sino también buscar aquellas expresiones en distintas partes del mundo. Así, resulta importante buscar, en el contexto de la Gol-balización, las maneras o formas de reivindicación de ellas, las mujeres que hoy reclaman con discursos y prácticas, su protagonismo, amor y pasión por el fútbol desde una perspectiva ciudadana, posmoderna, feminista, antimachista y sobre todo antipatriarcal. De tal manera que comprender desde estas aristas, al deporte y al fútbol colombiano es también una apuesta por una paz estable y duradera, sobre todo en aquel país de América del Sur que ha sufrido un conflicto armado de más de sesenta años y que hoy no renuncia a vivir en armonía, tranquilidad, reconciliación, justicia social y paz. 


JUEGOS DE ESPEJOS: UNA HISTORIA MÍNIMA DEL FÚTBOL FEMENINO EN ARGENTINA Y BRASIL

Nicolás Cabrera

Integrante del Grupo de Trabajo CLACSO Deporte, políticas públicas y sociedad. Sociólogo (Universidad Nacional de Villa María, Argentina). Doctorando en Antropología (Universidad Nacional de Córdoba). Mail: nico_cab@hotmail.com

Nemesia Hijós

Integrante del Grupo de Trabajo CLACSO Deporte, políticas públicas y sociedad. Maestranda en Antropología Social (IDES-IDAES/UNSAM, Argentina). Licenciada en Ciencias Antropológicas (FFyL, UBA). Becaria Doctoral CONICET (IIGG, UBA). Mail: nemesiahijos@gmail.com 

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En una edición anterior de Cuadernos del Mundial (2014), Simoni Lahud Guedes y Pablo Alabarces propusieron un juego de espejos sobre las narrativas brasileñas y argentinas en torno al Mundial de Fútbol (de varones) en Brasil. Hablaron de “estilos nacionales”, comunidades imaginadas y… varones. En el presente artículo, retomaremos el ejercicio de pensar las patrias futboleras comparativamente sin nacioncentrismos mediantes; pero nos distanciaremos de nuestrxs maestrxs al hablar sobre las prohibiciones, invisibilidades, escamoteos y luchas de… mujeres. Al calor de la 8ª Copa Mundial Femenina de Fútbol en Francia, proponemos una historia mínima y comparada de las futboleras argentinas y brasileñas.

Los primeros años del siglo XX

Aunque la historia nos muestra que espacios como el fútbol han sido de y para varones, las mujeres siempre estuvieron en la historia brasileña y argentina de esta disciplina. A comienzos del siglo XX era común que las “senhoritas” de la alta sociedad asistieran los partidos en el Sur de Brasil o en las tribunas del club Fluminense en Río de Janeiro. Mientras los trabajadores (incluyendo a negros y mulatos) iban ocupando gradualmente lugares en los equipos antes reservados a los aristócratas, las mujeres también iban corriéndose del rol de aficionadas para convertirse en jugadoras. Para 1940, el diario paulista Folha da Manhã reconocía la existencia de diez equipos en la entonces capital federal Río de Janeiro. Se trataba de clubes periféricos como Eva F.C., E.C. Brasileiro, Cassino Realengo, Benfica F.C. y Primavera F.C.

Equipo de Cassino Realengo antes de jugar contra el Sport Club Brasileiro en el partido preliminar entre São Paulo y Flamengo, 17 de mayo de 1940.

Antes de ser apartadas exclusivamente como acompañantes, hinchas y fanáticas, las mujeres argentinas jugaban en clubes, inspiradas por la popularidad de las “footballers” inglesas (en particular) y francesas. Los primeros registros revelan la existencia de equipos de fútbol femenino en Buenos Aires en 1923. Las mujeres que allí aparecen son identificadas como integrantes del primer equipo de fútbol de mujeres, llamado Río de la Plata. Pero a medida que el fútbol se convirtió en deporte nacional y pasó a ser parte de nuestra identidad como argentinxs, las mujeres fueron aisladas e invisibilizadas. Los argumentos biologicistas contribuyeron a respaldar recomendaciones de que este no era un juego para mujeres y promovieron disposiciones que prohibieron la práctica en países como Inglaterra, Brasil y Alemania, porque se consideraba un deporte demasiado “macho” y peligroso para el sexo “más débil”, que ponía en riesgo el sistema reproductivo femenino. De forma paulatina entonces, en esta década, las mujeres empiezan a ser representadas (en las revistas deportivas y diarios de la época) de un modo pasivo.

El Gráfico, 16 de enero de 1926. “Hacia una higiene deportiva: código estético de las mujeres”.

De los 40 a los 70. La era de los “populismos”

Entre 1941 y 1979 el fútbol fue un juego prohibido para las mujeres en Brasil. El decreto que lo establecía buscaba cuidar sus capacidades de procreación. La intención era “resguardar” los cuerpos “frágiles” y “delicados” de las mujeres para concebir “niños sanos”. Varones prescribiendo los usos legítimos de los cuerpos femeninos. Un biologicismo patriarcal vuelto ley que hacía de la maternidad un mandato estatal. Y más en el fondo había una verdad última: ellas estaban disputando un lugar de ellos. La ley de Vargas es una revancha de género.

Ni prohibidas las mujeres dejaron de jugar, aunque, claro está, la actividad se redujo. En 1950, en la ciudad de Pelotas, en el sur de Brasil, el Vila Hilda F.C. y el Corinthians F.C., desafiaron la legislación y se mantuvieron en funcionamiento hasta ser finalmente prohibidos por el Consejo Regional de Deportes. La proscripción no sólo perduró, sino que, por momentos, se agravó. La dictadura militar iniciada en 1964 también prohibió la competición de las mujeres en las luchas y los saltos. Pero sin duda, la exclusión más fuerte es la del fútbol ya que, como dice la antropóloga Carmen Rial, este deporte era –y es– una expresión fundante de la nación brasileña, por ende, la privación a dicha órbita implicaba una rechazo de las mujeres a la participación plena en la nación. 

Si bien en Argentina el fútbol no fue prohibido legalmente para las mujeres, la eliminación se materializó en términos de representación. Durante los primeros 50 años de la revista El Gráfico solamente el 10% de las tapas fue destinado a mujeres, y nada más que el 6% a mujeres atletas. Por otro lado, revistas como El Hogar, a partir de recomendaciones de actividades, permiten complejizar la idea sobre qué implicaba ser mujer en la Argentina del primer peronismo. Aunque hay un universo deportivo construido alrededor de actividades físicas impulsadas por el gobierno de Perón en el que las mujeres fueron novedosamente invitadas a participar, la revista no lo muestra. Mujeres ligadas a la vida familiar, al cuidado y al acompañamiento son las imágenes que se proponen en la prensa gráfica, postales que contribuyeron en la configuración de identidades femeninas y que modelaron los cuerpos de las mujeres, en los que los beneficios de la actividad física se presentaban asociados al cultivo de la belleza y de la buena salud. 

“El fútbol mata el encanto de la mujer” titulaba el diario O imparcial el 14 de enero de 1941.

Reapertura democrática y fines del siglo XX

La prohibición sólo finalizó en 1979 cuando renacían los aires de apertura democrática en un Brasil con un fuerte protagonismo feminista. No es casual que por esa misma época se aprobara la Ley de Amnistía, que permitía el regreso al país de mujeres que lucharon contra la dictadura y se exiliaron. En consecuencia, durante los ochenta, el fútbol femenino cobra un vigoroso impulso. Lógicamente hubo, como ya dijimos, inclusión, pero no igualdad. El partido de las mujeres duraba 70 minutos –el de los varones 90–, los botines no podían tener tapones en punta y pararla de pecho era una falta. Perduraba un enfoque de cuidado ante cuerpos “débiles” y “frágiles”. A eso se sumaba una larga lista de (ridículas) prescripciones destinadas a mantener la “femineidad” de las jugadoras (dejando de lado el pelo corto, debiendo usar pelo recogido con cola de caballo, pantalones cortos ceñidos y maquillaje). Recién en los noventa las normas del fútbol femenino se equipararon a la de los varones. Aquella fue, sin duda, una década ganada: la primera Copa América de 1991, el primer campeonato nacional de 1994, el cuarto lugar en los Juegos Olímpicos de 1994 y la participación en los mundiales de China, Suecia y Estados Unidos.

Las Pioneras, agosto de 1971. Primeras futbolistas argentinas en jugar un Mundial (“no oficial”), en la puerta del hotel en el que concentraron durante los 40 días que estuvieron en México.

En el caso argentino, desde el retorno democrático hay un silencio mediático general sobre el fútbol femenino. Aquel mutismo se puede atribuir, en gran parte, a la informalidad de la práctica previa a la inauguración en 1991 de la liga femenina oficial organizada por la Asociación del Fútbol Argentino (AFA). En el período previo hubo una Selección que disputó un Mundial, el segundo de mujeres de la órbita de la FIFA. En aquel tiempo, en Buenos Aires, pocos clubes recibían mujeres: Piraña, en Pompeya, Excursionistas, en el Bajo Belgrano, y Universitario o All Boys, en Floresta. Al mismo tiempo, se realizaban exhibiciones de diferentes equipos en distintos lugares del país: algunos empresarios armaban partidos, llevaban a las jugadoras de gira, cobraban entradas y las hacían jugar (Pujol, 2019). 

Argentina llegó a ese primer Mundial (“no oficial”) de 1971 en México como un equipo huérfano: sin director técnico, médico, ni ningún otro tipo de personal administrativo durante la competencia, y con una camiseta que al primer lavado no sirvió más. Los organizadores mexicanos tuvieron que proveer botines para las jugadoras argentinas que solamente tenían zapatillas deportivas comunes. Además, la indumentaria que recibieron las futbolistas fue un obsequio de la Unión de Tranviarios Automotor (UTA), sindicato que antes les había prestado las canchas para entrenar. El 15 de agosto de 1971 salieron a la cancha por primera vez. A pesar de las malas condiciones, la Selección argentina le ganó 4-1 a Inglaterra y logró terminar en la cuarta posición, mientras que Dinamarca derrotó al país anfitrión delante de un público de 110 mil personas en el Estadio Azteca, en Ciudad de México. 

La lucha actual

Si bien la prohibición ya no rige, algunas de las disposiciones perduran. A las jugadoras se les había marcado la importancia de la imagen, el estilo personal y el desenvolvimiento en los medios. El proceso de embellecimiento y estetización de las futbolistas brasileñas (de la mano de los productos de belleza y bajo patrones blancos) jugó un papel determinante para habilitar su ingreso en el fútbol. Los tratamientos de alisado para eliminar el cabello afro, el maquillaje, la imagen “cuidada” homogeniza a las jugadoras bajo estereotipos de mujer “bella y femenina”. Jugadoras que ya no son vistas como “machonas” sino como sex symbols. Ese es el status que le han adjudicado las marcas. Irónicamente, muchas organizaciones deportivas (que fueron responsables de auspiciar campañas que promovían al fútbol como deporte de “machos” y fomentaban mitos sobre la inferioridad de las capacidades del cuerpo femenino en comparación con el masculino) ahora intentan “arreglar” o “controlar el daño” del “problema de la imagen” del fútbol femenino (Williams, 2007). Son estos entes los que contratan o desarrollan en conjunto con publicistas y marcas para “deshacer” la imagen problemática y “vender” la disciplina. En el último tiempo han dispuesto medidas (que giran en torno de un concepto mercantilista de la disciplina) para trabajar e intentar saldar las desigualdades de género. Desde la FIFA se promueve una política de desarrollo del fútbol femenino. Entre las prioridades declaradas para la disciplina desde 2015 hasta 2018, denominadas “FIFA’s 10, la cuarta habla de mejorar el marketing y la promoción construyendo una marca propia del fútbol femenino. Para decirlo de otra manera, las organizaciones más influyentes y poderosas del deporte, consideran que la mercantilización, junto a la identificación de un mercado todavía no explotado, es un aspecto clave para el desarrollo de la disciplina. Mejor dicho, la rentabilidad del deporte determina su éxito o su potencial de crecimiento.

Por otro lado, una nueva disposición de la Confederación de Fútbol Sudamericano (CONMEBOL) exige que todos los clubes deportivos que deseen participar a partir de 2019 en torneos internacionales deben, además, contar con un equipo de fútbol femenino. La mayoría de los clubes de América de la primera división se ven afectados por este reglamento, ya que pocos son los que actualmente compiten en la liga femenina. Con estos cambios y nuevos emprendimientos, acompañados de mayor cobertura mediática, se ve una expansión de la disciplina. Así, mientras se avanza en estrategias de marketing y publicidad para transformar al fútbol en un deporte legítimo para las mujeres –buscando no reproducir en sus practicantes prejuicios– al mismo tiempo se pone en circulación una imagen homogénea que corresponde a los estereotipos extendidos de cómo ser mujer en la actualidad.

Algunos comentarios finales

¿Será Francia 2019 un quiebre? Es evidente que es el torneo de las reivindicaciones. En Argentina, esta misma selección que disputa su tercer mundial estuvo dos años sin entrenar e inició un paro en septiembre de 2017 por la falta de condiciones apropiadas y el inadecuado acompañamiento de la AFA, denunciando el sexismo. Tras el tercer puesto en la Copa América 2018 en Chile y el histórico partido por el repechaje contra Panamá en noviembre con un récord de asistencia de 11.500 personas en el Estadio de Arsenal, la lucha de las jugadoras cobró visibilidad. El “caso Maca Sánchez” –la ex jugadora de UAI Urquiza que demandó al club para considerarse una trabajadora– llevó a otro plano la atención y cobertura mediática, y presionó para que la AFA tomara cartas en el asunto y anunciada la (eventual) profesionalización de la disciplina. En Brasil, todavía resuenan las palabras de Marta tras la eliminación de su selección: “No habrá una Formiga para siempre, una Marta, una Cristiane. El fútbol femenino depende de ustedes para sobrevivir”.

Ya sabemos que el fútbol femenino no es algo nuevo, sólo que, en los últimos años, se ha comenzado a reconocer y a aceptar la práctica de este deporte a gran escala por las mujeres. El boom –la explosión en visibilidad– es en realidad el flamante interés de ciertos sectores, la tensión entre los intereses del mercado y los pedidos de las protagonistas en relación a su condición de futbolistas y trabajadoras en búsqueda de espacios (de formación y entrenamiento) hacia el reconocimiento legítimo. Este Mundial, que está experimentando aumentos inéditos en los niveles de participación, atención mediática y comercialización, es la oportunidad –de la cual también se apropian las jugadoras– para seguir batallando contra las prohibiciones, y militando adentro y afuera de la cancha que el deporte no tenga género. No obstante, sabemos que esconder este clivaje nos llevaría a eclipsar las desigualdades. Porque tanto el mercado como los organismos que regulan el deporte capitalizan a partir de mantener un deporte binario y moldeado según géneros.

Referencias bibliográficas

Pujol, A. (2019). ¡Qué jugadora! Un siglo de fútbol femenino en la Argentina. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Ariel.

Williams, J. (2007). A Beautiful Game. International Perspectives on Women’s Football. Oxford: Berg.

SÍ BUENO… DIFÍCIL, ¿NO?: LA AUSENCIA DE UNA COMUNICACIÓN DE GÉNERO EN EL FÚTBOL FEMENIL

Miguel Ángel Lara Hidalgo

Mg. en Antropología Social por la Universidad Iberoamericana (México). Mail: cacaxtla@yahoo.com

Cecilia Pérez Navarro

Mg. en Antropología Social por la Universidad Iberoamericana (México).

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“Sí bueno… difícil, ¿no?”. Ésta es la frase con la que cualquier jugador de fútbol en el mundo termina diciendo cuando un medio de comunicación lo entrevista al término de un partido. Y así ha sido para las mujeres no sólo en fútbol, sino en todos los ámbitos de desarrollo humano, “difícil, ¿no?” La tiranía del olvido y la marginación hacia la mujer, históricamente cotidiana, ha construido escenarios de lucha, reclamos y reivindicaciones del papel de la mujer en el hogar, la ciencia, la política, los medios, la academia y, por supuesto, el fútbol. Desde la visión de lo masculino el mundo se ha alfabetizado, politizado, construido, masificado y hasta contextualizado, centralizando y excluyendo al mismo tiempo otras visiones que de construcción y deconstrucción de toda actividad que involucre a todas las personas y sus actividades.

Este artículo pretende exponer cómo la marginación en el futbol femenil ha tenido como consecuencia una lucha intrínseca para su visibilización, desde que Nettie Honeyball vio en el fútbol la afirmación de la mujer para que participara en procesos políticos y sociales en el parlamento de Inglaterra. Sin embargo, el sistema masculinizado ha construido un “cuerpo dócil” en la mujer y su visión hacia ese cuerpo es un “blanco de poder”, que desde el escenario “técnico-político” constituye un conjunto de reglamentos militares, escolares, hospitalarios que sirven para controlar las operaciones del cuerpo (Foucault, 2000). A esta reflexión hay que agregar los reglamentos del hogar donde se afirman las bases de la educación de los hijos y la imagen de la mujer que hace del recato la discreción y el trabajo del hogar una forma de sumisión en las clases medias y altas de la Inglaterra de finales del siglo XIX y que permea en el mundo sobre todo si hablamos del enorme intercambio cultural que tuvo Inglaterra, cuna del fútbol reglamentado, hacia y desde sus todavía colonias y países que salían del colonialismo español, portugués, francés u holandés. Los procesos de futbolización de la mujer se llevaron a cabo en estos entornos, donde el uso del cuerpo femenino también estaba regido por la noción de “cuidado del cuerpo y las buenas costumbres”, que hacían de éste un “cuerpo analizable, que puede ser transformado para fines masculinos” (Fals Borda, 1997). Esta lucha se ha convertido no sólo en política y activista, sino en mediática, digital, callejera, deportiva y futbolera. 

Durante el Mundial Femenil llevado a cabo en México en 1971 y en un contexto de país que venía de organizar dos megaeventos deportivos seguidos, los Juegos Olímpicos de 1968 y el Mundial de Fútbol de 1970, en pleno modelo estabilizador del país, las estructuras de organización fueron eminentemente masculinizadas. Además, aunque no fue un evento oficial de la FIFA, sí hubo personas del máximo organismo del fútbol, todos hombres, involucrados en la planeación. Así, la representación de lo femenino estuvo limitado sólo a la cancha. El Mundial del 71 fue por invitación y contó con la participación de seis selecciones: Italia, Inglaterra, Francia, Argentina, México y Dinamarca, que terminaron como campeonas.

No es sino hasta 1991 que la FIFA decide nuevamente implementar el Mundial Femenil, que se juega desde entonces cada cuatro años. Pero es en 1999 que “moderniza” sus procesos en la toma de decisiones, pero no incorpora el “pensamiento femenino” en la panóptica de la planeación. 

Años antes, los Estados Unidos comenzaron el desarrollo del futbol femenil poniendo la lupa en estrategias de planeación desde el ámbito de lo femenino, intercambiando expresiones e investigaciones de equidad y de género para desarrollar los escenarios de toma de decisiones, propicios para que la aparición de la otra fuera efectiva, no sólo en lo simbólico sino en lo práctico, donde la toma de decisión incide en un cambio de la realidad (NCAA, 2012). En este escenario confluyeron visiones de discurso, vestimenta, alimentación, medicina, audiencias, infraestructura y recursos, que dieron fuerza no sólo al balompié, sino a la mujer como persona. (Binello, Conde, Martínez, Rodríguez, 2000). No obstante, a nivel global, la FIFA, regida desde la lógica masculina, sigue castigando y vigilando los procesos finales en la toma de decisiones en torno al certamen femenino. 

Lo masculino también se construye desde lo semántico-semiótico. Si decimos Copa del Mundo asumimos de inmediato que se refiere al certamen varonil, porque es lo legítimo, lo original; por tanto, cuando juegan las mujeres es necesario agregar el adjetivo “femenil”. Es decir, comunicometodológicamente, lo femenil se sostiene desde lo masculino, no por sí mismo. ¿Por qué la FIFA, en busca de la equidad de género, no hace oficial que se llamen Copa Mundial Varonil y Copa Mundial Femenil? 

Estas prácticas son reproducidas por los medios sin que lo reflexionen. Aunque cada vez más mujeres narran y comentan los partidos, y han dejado de ser solo “atractivo visual”, estos espacio siguen dominados por los hombres y la presencia de estas comentaristas es aún vista como rara. A lo que se tendría que aspirar, desde el punto de vista de la Comunicoeconomía, es a que las narrativas se entrelazan, que en la práctica lo que estemos viendo, escuchando, viviendo o sintiendo no sea femenino o masculino, sino simplemente el fútbol por el fútbol (Galindo, 2011).

Pese a que en el futbol femenil poco ha cambiado, en términos del dominio de lo masculino, este Mundial nos deja entrever la posibilidad de construir desde lo femenino. La participación de mujeres en el Comité de Planeación de la FIFA de este torneo y la ya conocida negativa de la noruega Ada Hegerberg de participar -en protesta a la diferencia en los premios y el trato que se da a las selecciones varoniles- son dos ejemplos de cómo la mujer está empujando más contundente para las futuras futbolistas. Sí bueno… difícil, ¿no? pero se está haciendo.

Referencias bibliográficas

Binello, G. (Coord.). (2000). Mujeres y Fútbol; ¿Territorio conquistado o a conquistar?, Buenos Aires, Argentina: CLACSO.

Foucault, M. (1975). Vigilar y Castigar. México: Siglo XXI Editores.

Galindo, J. (2011). Ingeniería en Comunicación Social y Deporte. México: INDECUS.

Herrera, N. y López, L. (Comps). (2014). Ciencia, compromiso y cambio social. Textos de Orlando Fals Borda, Buenos Aires.

NCAA. Gender-Equity Report, 2004-2010. (2012). The National Collegiate Athletic Association, Estados Unidos.